No início de abril deste ano o governo brasileiro deu um importante passo no sentido de estimular a renovação da frota nacional de caminhões ao publicar a Medida Provisória 112/2022. Batizado de “Renovar”, o programa cria uma série de facilidades e benefícios para que caminhoneiros autônomos e pequenos frotistas entreguem seus veículos com mais de 30 anos para empresas credenciadas em reciclagem e, em troca, recebam crédito de instituições financeiras além do valor de seu peso metálico.
De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito do Ministério da Infraestrutura, a frota brasileira de caminhões passa de 3,5 milhões de veículos, sendo que 26% deste total têm mais de 30 anos de uso. São mais 900 mil veículos de carga que precisam ser retirados de circulação por não oferecerem condições mínimas de segurança e, muito menos, qualquer adequação aos programas de redução de emissões de poluentes.
Além de quase um milhão de caminhões inseguros, a frota de carros de passeio também está envelhecida no País. Segundo estudo feito pelo Sindipeças, entidade que congrega fabricantes de autopeças no Brasil, 10,2 anos é a idade média dos automóveis brasileiros. São 46,5 milhões de veículos em circulação ativa, muitos destes com mais de duas décadas de uso.
Para carros de passeio ainda não há um programa que estimule renovação da frota. Ao contrário, quanto mais antigo for o veículo, menores são os valores cobrados de IPVA, chegando à isenção os veículos com mais de 18 anos de uso.
No geral, grande parcela da sociedade vem se mobilizando pela renovação da frota nacional. Conscientes dos perigos sociais e ambientais que veículos velhos em circulação representam, empresas e entidades de classe pressionam governos municipais e estaduais a buscarem alternativas que permitam mobilidade individual e coletiva mais seguras, eficientes e sustentáveis.
Mas antes da renovação da frota acontecer é fundamental que hajam mecanismos eficientes e ambientalmente corretos para a destinação dos veículos que serão retirados de circulação. O ponto mais importante e crucial desse processo são as empresas que fazem a reciclagem e que transformam veículos velhos em matéria-prima para a produção de novos produtos.
Com mais de 70 anos de experiência, a Trufer é uma das mais bem estruturadas empresas do País na prestação de serviços de coleta, processamento e destinação de resíduos de ferro e aço. Além disso, é especializada no setor automotivo. Com todo seu know-how, a empresa passou a ser uma das maiores atacadistas de ferro e sucata da América Latina.
Enquanto as discussões para destinação e desmontagem correta de veículos ainda são incipientes no Brasil, a Trufer tem expertise nesse processo há quase 20 anos. Por atender os rigorosos protocolos de segurança ambiental de seus principais clientes, as maiores montadoras do País, a Trufer faz reciclagem de veículos obedecendo padrões internacionais desde 2003.
A Trufer credenciou-se em 2016 para atender a necessidade de homologação pelo Detran para essa atividade, aumentando o leque de entidades atendidas por essa atividade, como frotistas, governos e, até particulares. Com a Trufer, apenas 14 empresas no Brasil estão tecnicamente habilitadas para reciclar veículos (de automóveis a caminhões). O pequeno número de empresas qualificadas para executar esse tipo de serviço se dá graças à necessidade do investimento em equipamentos de alta tecnologia, treinamento, qualificação e, ainda, em áreas onde são executadas a descontaminação e desmontagem dos veículos.
O trabalho de desmontagem e reciclagem de veículos é complexo e exigente, uma vez que é preciso lidar com segurança ambiental. Não se trata apenas de um simples “desmanche”. O primeiro passo é a completa descontaminação do veículo. Nesta etapa, tudo que é líquido é cuidadosamente retirado do carro para não sobrar uma única gota: combustível, lubrificantes de todos os componentes e todo tipo de fluído. Desativa-se a bateria, esgota-se completamente o pó químico dos extintores, e os airbags também são retirados.
Esses materiais são destinados ao descarte de maneira correta e segura, respeitando-se todas as normas internacionais, de modo a garantir que não ocorra nenhum tipo de contaminação do solo. Depois desta cuidadosa preparação, que é feita por especialistas em uma unidade específica da empresa, é o momento em que entra em ação uma máquina extraordinária que faz a “trituração” do material.
Essa supermáquina Shredder é capaz de processar 80 toneladas de sucata metálica por hora. Ou seja, ela pode triturar 2,6 carros por minuto. A matéria-prima básica processada é a sucata de obsolescência, que representa aproximadamente 75% da sucata consumida atualmente no mundo. Os outros 25% vêm da indústria (veículos, chapas, cavacos, rejeitos, outros).
A Trufer tritura a sucata para aumentar sua densidade e eliminar impurezas, transformando metais antes impossíveis de serem utilizados para uso direto em fornos, em materiais de excelente qualidade. O maquinário Shredder, além de triturar automóveis, faz todo o processo de segregação do material, separando e classificando o que é ferro, aço, plástico, espuma, vidro, borracha e etc. Do material extraído, a Trufer comercializa o ferro e aço e os demais materiais são vendidos para outras empresas de reciclagem ou transformação. Com exceção da parte líquida (que é retirada antes), veículos são 100% recicláveis.
Para assegurar logística eficiente, tanto na retirada de sucatas como no envio de material reciclado, a Trufer conta com frota própria de 120 veículos. Por ser uma das mais bem estruturadas do Brasil, prestando serviços há mais de 50 anos para importantes montadoras, a empresa é uma das poucas credenciadas para executar serviços especiais de destruição de protótipos (unidades importadas ou aqui projetadas, veículos usados em crash test ou modelos para avaliações técnicas específicas e que não têm autorização legal para rodar pelo País).