São Paulo — O programa Mover, Mobilidade Verde e Inovação, deverá acelerar os investimentos da indústria de caminhões, que já realizou importantes aportes para fazer a transição para o Euro 6 e para desenvolver novas tecnologias de mobilidade, a exemplo da eletrificação e do gás natural. Foi o que afirmou Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, durante o Fórum AutoData Perspectivas Caminhões, realizado de forma online na quinta-feira, 25.
“O Mover poderá ampliar as injeções de recursos em P&D a fim de promover um investimento contínuo das novas tecnologias”, assinalou, referindo-se ao programa que já possui 23 empresas habilitadas, dentre elas Iveco, Marcopolo, Mercedes-Benz e Volkswagen Caminhões e Ônibus, considerando as fabricantes de pesados. Os pedidos de outras dezoito companhias estão sendo analisados.
As montadoras poderão apresentar projetos e requisitar créditos financeiros proporcionais aos investimentos, que variam de R$ 0,50 a R$ 3,20 por real investido. É aguardada para maio a publicação de decreto que listará pormenores dos requisitos obrigatórios relacionados à eficiência energética do tanque à roda e do poço à roda, à reciclabilidade de materiais e reciclagem antecipada, ao desempenho estrutural e tecnologias assistivas e à etiquetagem veicular.
Bonini ressaltou que as fabricantes de caminhões já possuem parceria com a academia e apostam em engenharia qualificada para trabalhar em alternativas de propulsão que são fortes no País, a exemplo dos biocombustíveis, e que muitas delas possuem o desenvolvimento global alocado no Brasil.
“Temos mão de obra e cadeia de fornecedores muito capazes. Tanto que se analisarmos o peso do setor automotivo no PIB brasileiro ele gira em torno de 20%. Agora, se o cálculo for feito a partir do P&D desenvolvido por essas empresas no País, chega a um terço do total, incluindo todos os setores.”
Sobre os possíveis reflexos do Imposto Seletivo, na forma de sobretaxação de veículos com alto índice de emissão de CO2, que consta em projeto de lei complementar da reforma tributária enviado ao Congresso na quarta-feira, 24, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o dirigente avaliou:
“Isso acabou de sair, estamos acompanhando os desdobramentos. Damos apoio total à reforma tributária principalmente porque hoje a indústria sofre grande pênalti quando exporta. Mas, se caminhões entrarem nessa regra, podemos ter um impacto na inflação. Quanto aos ônibus, que têm tarifa pública, é preciso tomar cuidado para não onerar a passagem e o passageiro”.