AutoData - A partir deste mês, SUVs são automóveis e não mais comerciais leves
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12/01/2015

A partir deste mês, SUVs são automóveis e não mais comerciais leves

Por Marcos Rozen

- 12/01/2015

Já está valendo: a partir deste mês os SUVs comercializados no mercado brasileiro serão alocados nas estatísticas de vendas como automóveis e não mais comerciais leves – distorção vigente nas análises de venda há mais de uma década. O primeiro resultado prático aparecerá com a divulgação dos dados do fechamento de janeiro, tornados públicos no início de fevereiro.

A mudança foi defendida pela Anfavea em meados do ano passado, mas entra em vigor agora para contar a partir de um ano cheio. Toda a série histórica, entretanto, será corrigida.

Para Luiz Moan, presidente da associação, o cenário atual distorce os índices de vendas ao mercado interno. “A retração real do segmento de automóveis em 2014 é menor do que mostra a estatística” – justamente porque os SUVs foram o fiel da balança, jogando os comerciais leves para um dos poucos resultados positivos do ano e os automóveis para baixa maior que a média.

De acordo com dados da Anfavea divulgados na quinta-feira, 8, no fechamento do ano passado os automóveis registraram 2,5 milhões de unidades vendidas, queda de 9,4% ante 2013, enquanto os comerciais ficaram com 829 mil, em crescimento de 1,6%.

Entretanto, destes quase 830 mil comerciais leves aproximadamente 300 mil são SUVs, de acordo com dados da Fenabrave, que pormenoriza suas estatísticas por modelo – e que estuda aderir à alteração da Anfavea.

Assim, caso estas 300 mil unidades estivessem alocadas nos automóveis, como acontecerá neste 2015, a queda deste segmento no comparativo anual em 2014 teria sido mais discreta, de 8%, enquanto os comerciais teriam crescido apenas 0,4% – considerando-se, naturalmente, a correção dos dados também para os índices de 2013.

Isoladamente os SUVs cresceram exatos 4% em 2014, com 298 mil emplacamentos ante 287 mil em 2013.

A alteração, de qualquer forma, ocorre em momento oportuno porque neste ano haverá uma profusão de lançamentos de SUVs no mercado brasileiro, o que ampliaria a análise distorcida dos fatos: vêm aí o Jeep Renegade fabricado em Goiana, Pernambuco, o Peugeot 2008 produzido em Porto Real, RJ, o Honda HR-V Made in Sumaré, SP, o Jac J6, importado da China, e muitos outros.

A partir de agora os comerciais leves serão apenas os utilitários propriamente ditos, como as picapes leves e médias e as vans de transporte de pessoas e carga.

EcoSport – A alocação dos SUVs na gama de comerciais leves no Brasil teve seu ápice com o lançamento do Ford EcoSport, em 2003 – uma forma encontrada pela montadora para liderar o segmento, o que de fato ocorreu por diversos exercícios. Com a popularização desta faixa de mercado, e respeitando-se o raciocínio original, os novos SUVs lançados aqui, tanto nacionais quanto importados, continuaram a ser classificados da mesma forma.

O fato não chegou a causar estranheza, na época, já que é possível associar os antigos SUVs nacionais – então chamados como caminhonetas e outras denominações similares –, como Willys/Ford Rural e Chevrolet Veraneio, muito mais a utilitários do que a automóveis propriamente ditos, algo bem diferente do mercado atual.

Tampouco essa é a primeira vez que esse tipo de distorção acontece: nos anos 80 a mistura também ocorria fortemente, mas devido à classificação de IPI da época e sua forma de considerar um veículo como comercial, com exigência de terceira porta. A VW chegou a produzir o Passat com tampa do porta-malas que abria junto com o vidro traseiro, caracterizando assim a terceira porta, para conseguir desconto no imposto. O inverso também ocorria: eram muito comuns os casos de frotistas que compravam a Kombi destinada a passageiros – de preço inferior à versão furgão – para carregar carga: era só arrancar os bancos do salão.


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