São Paulo — A guerra que envolve Rússia e Ucrânia deverá afetar a produção de veículos na Alemanha nas próximas semanas e, possivelmente, em outros países da Europa. Segundo a VDA, entidade que representa as montadoras alemãs, os conflitos estão impedindo e alterando algumas rotas de transporte de componentes, mexendo com as transações financeiras e deverão gerar falta de diversas matérias-primas:
“É difícil fornecer uma perspectiva confiável devido à situação altamente dinâmica”, afirmou, em nota, a VDA ao site Automotive News. “Mas uma coisa é clara: haverá mais interrupções na produção de veículos na Alemanha”.
A expectativa é a de que, a longo prazo, a indústria encontre preços mais altos e escassez de matéria-prima, à medida que o conflito agrave os problemas da cadeia de suprimentos, em um momento em que o setor já sofre com baixos níveis de estoque.
A entidade também disse que o minério de níquel é outro ponto monitorado, pois a Rússia é um importante fornecedor e o material é refinado para ser usado nas baterias de íon-lítio que equipam veículos elétricos.
A GlobalData também monitora os impactos que a guerra poderá trazer para o setor automotivo e alertou que a Alemanha poderá não chegar a 15 milhões de veículos elétricos rodando até 2030 por causa do conflito:
“A Rússia é o terceiro maior produtor de níquel do mundo”, disse o diretor Mohit Prasad. “O níquel é um ingrediente significativo usado na fabricação de baterias de íons de lítio. As baterias são o componente mais importante do veículo elétrico. A crise Ucrânia-Rússia levou ao maior aumento dos preços do níquel em uma década”.
Segundo o executivo o preço do níquel subiu 18% desde dezembro, passando de US$ 24,6 mil por tonelada métrica. Com o aumento nos custos para produção de baterias o preço dos veículos elétricos deverá aumentar e poderá causar impacto na projeção de avanço até 2030.
Nos últimos anos o crescimento do segmento elétrico na Alemanha foi puxado por dois fatores: preço das baterias, que deverá subir, e o subsídio do governo, que só está garantido até o fim do ano que vem.