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07/05/2015

Chery em greve, dois meses depois do início de produção

Por Michele Loureiro

- 07/05/2015

Os funcionários da Chery em Jacareí, SP, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado em assembleia realizada na segunda-feira, 6.

A paralisação acontece pouco menos de dois meses depois da Chery iniciar a produção em série na nova fábrica – ocorrida em 11 de fevereiro – e pouco mais de sete meses após a inauguração oficial da planta, em 28 de agosto de 2014.

Em entrevista à Agência AutoData o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, afirmou que a greve é resultado da negativa da empresa em negociar. “A Chery se recusa a reconhecer os direitos da categoria e a própria legislação do País. Por isso os trabalhadores ficarão parados por tempo indeterminado.”

Em nota a montadora afirmou que “desde a última reunião com sindicato em 25 de março, a Chery estuda a apresentação de uma nova proposta, mas tem dificuldades para atender às exigências do sindicato, que pede salários e benefícios similares aos de outras montadoras da região – a fabricante propôs reajustes salariais que variam de 10 a 12,6%, maiores do que média praticada pelo mercado, que gira em torno de 8%. Isto porque a montadora chinesa é uma empresa recém-chegada ao País, que começou a produzir para o mercado em fevereiro deste ano, com apenas um turno em funcionamento e cerca de 500 empregados, incluindo os administrativos”.

No comunicado a companhia afirma ainda que “para seguir com seu plano de expansão, mesmo diante de um cenário delicado do mercado automobilístico, a Chery tem mantido uma postura cautelosa e responsável para poder continuar a gerar empregos na região do Vale do Paraíba, em um momento em que a maioria das empresas tem congelado ou reduzido equipes. Isso sem desrespeitar a legislação ou pôr em risco a saúde e a segurança dos funcionários”.

Na avaliação da Chery, também na nota, “atender às exigências do sindicato na íntegra, neste momento, seria colocar em risco a saúde financeira e o futuro da montadora no País, que veio para ficar. A empresa está disposta a entrar em acordo com o sindicato, desde que isso signifique a estabilidade da Chery e de todos os seus funcionários”.

Ainda de acordo com o porta-voz da montadora os departamentos jurídico e de recursos humanos estão reunidos para formular novos tópicos de negociação e devem apresentar propostas nas próximas 24 horas.

Segundo o dirigente sindical haverá assembleias diárias para informar o andamento das negociações aos metalúrgicos. “Eles só retornarão ao trabalho depois que a empresa assinar a convenção coletiva da categoria.”

Macapá afirmou que a empresa pratica “salários inferiores aos das demais montadoras, terceirização ilegal, falta de equipamentos adequados para execução de tarefas, desrespeitos às normas de saúde e segurança no local de trabalho e má qualidade da alimentação”.

Segundo o sindicato a Chery pratica piso salarial de R$ 1,2 mil para o cargo de montador, enquanto um trabalhador com a mesma função na General Motors instalada na vizinha São José dos Campos tem salário inicial de R$ 3,5 mil.

A unidade de Jacareí fabrica o modelo Celer nas versões hatch e sedã. Por dia são fabricados de vinte a trinta unidades, segundo Macapá.


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