O presidente da Nissan do Brasil, François Dossa, aparentemente de forma extemporânea, desejou feliz ano novo aos jornalistas presentes à cerimônia de primeiro aniversário da fábrica de Resende na quinta-feira, 16. Explica-se: abril marca o início do ano fiscal japonês, uma espécie de feliz ano novo empresarial, no qual Dossa pretende ver crescer a produção de veículos Nissan no Brasil em 30% e no qual almeja alcançar 3% de participação.
O complexo industrial em Resende também bateu a marca das 30 mil unidades produzidas neste primeiro ano, superando a expectativa de 25 mil, 26 mil/ano. E já dispõe de duas linhas de veículos, New March e Novo Versa, e de motores, 1.0 e 1.6.
“E é com essa base que pretendemos sair de 2,3% de participação de mercado no ano fiscal, registrada em 2014, para chegar aos 3% este ano. E a 5% no ano que vem. Nosso diferencial é nosso próprio DNA e nossa ânsia por qualidade.”
Apesar da crise, ele observou, os investimentos estão mantidos, aqueles R$ 2,6 bilhões anunciados em 2011 para todo complexo de Resende, ainda em fase de crescimento, com centros de peças e de treinamento.
Com relação ao resultado do mercado de veículos no Brasil este ano François Dossa prevê queda de 4% – mas mantém a projeção de que a Nissan crescerá 3% independente das circunstâncias globais não tão favoráveis.
PICAPES – Ele não foi tão enfático, porém, com relação ao anunciado projeto tripartite, que unirá Nissan, sua sócia na Aliança, a Renault, e a Daimler em projeto comum para produzir picapes na América do Sul e na Europa, em Curitiba, PR, e Córdoba, Argentina, e em Barcelona, Espanha, sempre em unidades Nissan e com as mesmas plataformas e arquiteturas e com designs diversos, identificadores de cada marca.
A verdade, Dossa recordou, é que muitos dos conceitos desse projeto ainda estão sendo definidos para que os novos produtos consigam chegar aos mercados até 2017.
Trata-se, como lembra fonte bem situada, de atitude prática referente a conceito que já rodava o mundo automotivo em meados da década de 90 do século 20, segundo o qual empresas ainda produziriam veículos para seus próprios concorrentes – e vice-versa.
São acordos operacionais que criam espaços vastos para a imaginação criadora do setor e que, supostamente, podem levar a importantes rearranjos de mercado, com compras, vendas, associações e incorporações à vista – de forma contemporânea a Fiat Chrysler Automobiles, a FCA, é bom exemplo, como o foi a Autolatina em um passado recente. E como são operacionais, hoje, acordos pontuais de empresas concorrentes com relação a produtos identicamente pontuais.
A fonte faz sua leitura do acordo tripartite lembrando que
japoneses, particularmente os da Nissan, são os alemães da Ásia, ideia que construiria com muita facilidade um bom caminho para acordos: “Eles são muito parecidos pela sua disciplina criadora e por sua busca pela qualidade. Por meio de suas virtudes as possibilidades de interlocução deles com sucesso são muito grandes”.
Por que picapes? Simples: é o segmento mais estável de todo o rol de produtos automotivos. O Brasil, por exemplo, vive crise mas sua agricultura bate recordes todos os anos e consumidores do Interior do País são loucos por elas – e muitos nos grandes centros também. Outro exemplo: nos Estados Unidos o mercado de pesca é imenso e não se imagina nada além de picapes para puxar tantos barcos.
Ou seja: o mercado de picapes tem sido alheio às crises, e foi isso o que notaram Nissan, Renault e Daimler para decidir pelo passo original de seu acordo, que tem a nova Nissan NP 300, também conhecida como Navarra e Frontier, produzida hoje no México e na Tailândia, como referência.
Sabe-se ainda pouco a respeito disso tudo mas a fonte sugere que para a América do Sul imagina-se, inicialmente, produção de 70 mil unidades sem mix ainda especificado, e para Barcelona produção de 120 mil unidades, fraternalmente divididas pelas três marcas. Uma das consequências óbvias será o crescimento do índice de localização de fornecedores nas duas regiões visando ao crescimento da nacionalização de componentes e peças e à fuga das variações cambiais.
Notícias Relacionadas
Últimas notícias