A julgar apenas pelo passo do desenvolvimento tecnológico, nada temos a temer para os próximos quinze anos – e sim o oposto: podemos torcer para que 2030 chegue logo e, com ele, dispositivos que tornarão os caminhões muito mais seguros e inteligentes, o que fará com que além de acidentes os veículos evitem gerar ou engordar os engarrafamentos.
Nilton Roeder, diretor de estratégia de caminhões do Grupo Volvo América Latina, palestrou no Workshop AutoData Tendências Setoriais – Caminhões, na segunda-feira, 27, no Milenium Centro de Convenções, na zona Sul de São Paulo. Em sua apresentação intitulada Avanço Tecnológico dos Caminhões, elencou dois dos principais desafios esperados pela sociedade neste intervalo: aumento do número de habitantes do planeta e contínuo crescimento das cidades. “Com isso precisaremos fazer cada vez mais com menos, dada a escassez dos recursos, em especial dos combustíveis fósseis.”
O executivo lembrou ainda das mudanças de comportamento que têm ocorrido nos últimos anos, como o hábito praticamente automático do uso do cinto de segurança nos veículos, algo que no Brasil não ocorria há algumas décadas, e a rapidez nos deslocamentos tanto de pessoas quanto de carga. “O mundo está ficando menor: hoje pode-se viajar a qualquer ponto do globo em cerca de 24 horas e, com o avanço do e-commerce, é possível comprar sem sair de casa quase tudo, às vezes encomendando o produto do outro lado do planeta para entrega na porta do cliente.”
Daí, entende Roeder, “a necessidade de transporte continuará a aumentar drasticamente”.
Em 2030 os caminhões vão se comunicar com o ambiente ao seu redor, em busca de redução de acidentes e volume de tráfego. “90% dos acidentes são causados por falha humana, seja na direção, seja em um processo de manutenção não feito a contento.” Neste contexto os veículos atuarão de forma pró-ativa, escaneando todo o ambiente ao redor e indicando suas peças e componentes desgastados, evitando ao mesmo tempo gastos desnecessários com manutenção preventiva e congestionamentos causados por pane e interrupção de faixas de rolamento.
Um protótipo da Volvo já equipado com esta tecnologia é capaz de antecipar em 5 segundos os fatos que ocorrerão à frente tanto com veículos quanto pessoas, como pedrestes ou ciclistas, e agir de forma a evitar, por exemplo, uma colisão – primeiro alertando o motorista e depois, se necessário, tomando o controle do veículo.
Outra tendência para caminhões aguardada para 2030 é a do uso do comboio nas operações rodoviárias, ou platooning, com os veículos trafegando juntos em uma mesma velocidade, formando uma espécie de trem. “A eliminação do arrasto aerodinâmico nesta formação representa economia de combustível de 20% a 25%”, atestou o palestrante.
Outro ponto interessante abordado por Roeder é uma provável polarização dos segmentos de mercado de caminhões, deixando praticamente apenas as duas pontas, a dos leves e a dos pesados: “Os primeiros serão responsáveis pelas entregas urbanas, especialmente à noite, daí a necessidade de serem mais silenciosos e provavelmente dotados de propulsão elétrica, enquanto os pesados farão o transporte de grandes distâncias, de um centro de distribuição a outro”.
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