Os estoques de veículos leves deverão apresentar redução ao término de maio – em abril o volume total chegou a 367 mil unidades na soma dos pátios de montadoras e rede de distribuição, o equivalente a 50 dias de venda, um dia a mais que no fim de março.
A informação foi revelada por Antônio Megale, 1º. Vice-presidente da Anfavea, associação que representa as montadoras no País, na segunda-feira, 25, em palestra que abriu o Workshop AutoData Tendências Setoriais – Automóveis e Comerciais Leves, no Milenium Centro de Convenções, na Zona Sul da Capital Paulista.
O cenário de redução dos estoques neste mês, de acordo com o dirigente, se deve à somatória de dois fatores: “Houve férias coletivas em diversas montadoras em maio e os índices de venda estão se mostrando estáveis com relação a abril. A combinação destas realidades, assim, deverá representar uma redução no volume dos estoques”.
Por outro lado os índices de produção de maio deverão trazer uma “queda importante” no comparativo com abril – e também com maio do ano passado.
Para o VP da Anfavea o mercado automotivo brasileiro atravessa essencialmente uma crise de confiança. Ele deu exemplo utilizando o cenário das máquinas agrícolas: “Temos uma supersafra à frente e quando isso acontece o mercado de maquinário agrícola geralmente é alavancado em conjunto, mas não é o que temos visto este ano. Isso mostra que a questão é de confiança. Em conversas que tivemos recentemente com empresários do segmento isso ficou muito evidente”.
Megale entende que o momento atual gera “grande preocupação”, mas assegura que a melhor forma de atravessá-lo é “ficar atento, e não desesperado”.
O dirigente deu mostras de certeza de recuperação a partir do ano que vem e mostrou números que servem como base para justificar sua confiança. “Nos Estados Unidos o mercado caiu 36% e a produção 47% de 2007 para 2008 e atualmente os números ali são de plena evolução. No Japão, na mesma análise, a baixa foi de 14% e 32%, respectivamente, e agora o país está saindo da crise. Tudo indica que o mundo deverá partir rumo ao crescimento nos próximos anos e o Brasil deve se beneficiar com isso.”
Outro dado relevante, para Megale, é a relação habitante por veículo no País, ainda muito abaixo de mercados semelhantes como Argentina e México: 5,4 aqui para cerca de 3,3 nestes vizinhos latino-americanos. “Apenas para nos igualar a estes países nossa frota teria que crescer 50%, o que significaria um adicional de 20 milhões de veículos.” Esta elevação deve ocorrer em especial no Interior e nas cidades menores, acrescentou, vez que em São Paulo, por exemplo, o índice já é próximo ao Europeu, em 2 habitantes por veículo.
O representante da Anfavea se mostrou confiante ainda com uma reformulação das leis trabalhistas, com possível adoção do chamado PPE, Plano de Proteção ao Emprego, com regras mais flexíveis para redução de jornada e salários, em breve.
“O projeto está no Ministério da Fazenda, que está fazendo os cálculos, mas pelo que soubemos o PPE está evoluindo muito bem dentro do governo e pode ser anunciado nos próximos meses.”
Megale argumenta que o PPE é melhor que o quadro atual porque “o problema hoje é uma queda de 20%, mas pelas regras atuais não se consegue reduzir a produção neste nível. Quando se acionam sistemas como lay-off ou coletivas a parada é de 100%. No caso da indústria automotiva o PPE oferece uma visão melhor para a cadeia de autopeças, que é muito importante e não pode ser enfraquecida”.
Nos cálculos da Anfavea “no caso de um trabalhador que receba R$ 4 mil, como referência, em um lay-off o governo arca com R$ 1,4 mil, via FAT, enquanto que pelo PPE este valor cairia para cerca de R$ 480”.
Apenas de janeiro a maio a indústria automotiva brasileira, considerando apenas as fabricantes de veículos, cortou aproximadamente 3,5 mil postos de trabalho.
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