Os caminhões começarão 2016 mais caros. Os principais fabricantes já admitem que não terão como segurar os valores atuais após cerca de quatro anos de reajustes abaixo da inflação. A defasagem, dizem, é da ordem de 8% a 15%. O diretor Luís Gambim, diretor comercial da DAF, por exemplo, anunciou que a tabela de seus modelos será reajustada de 8% a 10% em janeiro.
O executivo participou do painel sobre veículos comerciais do Congresso AutoData Perspectivas 2016 ao lado de Bernardo Fedalto, diretor comercial da Volvo, Marco Borba, vice-presidente comercial da Iveco, e João Pimentel, diretor geral da Ford Caminhões, no segundo dia do evento, a quarta-feira, 21, em São Paulo. Eles foram unânimes: também em função desses reajustes o mercado de caminhões, que registra 43% de queda este ano, não terá vida fácil novamente no ano que vem. “Teremos que recompor os preços, que foram reajustados de 3% a 5% nos últimos quatro anos”, argumentou Fedalto.
Na percepção dos quatro executivos não há no horizonte sinais que possam justificar alguma crença em retomada dos negócios no ano que vem, ao menos em ritmo suficiente para determinar um novo patamar do mercado. O consenso é o de que, muito provavelmente, as vendas internas repetirão os números deste ano, algo perto de 70 mil a 75 mil unidades.
Apenas com alguma sorte e a resolução mais rápida do atual imbróglio político e econômico, concordam os representantes dos fabricantes, o segmento poderá esboçar alguma recuperação, e de forma gradual, no segundo semestre do ano que vem e, com mais possibilidades, gradualmente a partir de 2017. “Isso se o quadro econômico não se deteriorar ainda mais nos próximos meses”, alerta Pimentel, que estima mercado de 73 mil unidades no ano que vem.
Borba pondera que para isso é fundamental também a rápida definição das regras do Finame que vigorarão em 2016. “Estamos quase em novembro e até agora nada. E ainda assim o mercado deverá andar de lado no ano que vem”, entende o executivo, que trabalha com índices como PIB ainda em queda em 2016, inflação em torno de cerca de 6% e, com algum otimismo, produção industrial em ligeira recuperação.
As fabricantes de caminhões, contudo, seguem com a convicção de que o mercado brasileiro é bem maior do que o atual e que a tendência para o longo prazo é novamente de crescimento. Fedalto, que recorda que os volumes atuais repetem os de dez anos atrás, projeta: “Tenho certeza que em 2025 teremos um mercado interno de 200 mil unidades”.
Apesar de também vislumbrarem exportações pouco ou nada excepcionais, as montadoras de caminhões esperam ao menos alguma melhora na produção em 2016. Isso porque os pátios das montadoras e dos revendedores devem encerrar o ano com os estoques em baixa, graças ao ritmo mais lento das linhas de montagem no transcorrer dos últimos meses, sobretudo em função de férias coletivas e lay-offs.
“Os ajustes estão sendo feitos. Chegaremos em 2016 com estoques mais saudáveis”, atesta Borba. Pimentel complementa: “Teremos um ritmo mais estável da produção. Em alguns meses deste ano produzimos muito em uma semana e depois ficamos parados nas outras três”.
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