A retomada das vendas de veículos, no País, e a possibilidade de crescimento em 2018 fizeram os bancos aumentarem o volume de crédito, no ano passado, para a aquisição de automóveis e veículos comerciais. Até dezembro o sistema financeiro registrou alta de 22,9% e atingiu a soma de R$ 101,1 bilhões. Esta foi a primeira vez, desde 2014, que o valor destinado às operações de financiamento e leasing superou a marca de R$ 100 bilhões.
A expectativa de um mercado mais aquecido pode fazer com que sejam reestabelecidas algumas condições, em termos de financiamentos, que marcaram o setor antes da crise econômica. Segundo Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac, a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, a volta de maior prazo para pagamentos é uma delas:
“Uma tendência para este ano é a volta dos prazos mais longos, dos financiamentos de sessenta meses. A inadimplência diminuiu nos últimos meses, criando uma condição favorável aos compromissos de longo prazo. Essa condição vai atrair o consumidor de volta”.
Dados do Banco Central mostram que é grande o número de consumidores que honra seus compromissos financeiros. Em dezembro a taxa de inadimplência foi de 3,78% em clientes pessoa física que compraram veículos, a menor desde 2014, quando era 3,91%. A taxa de juros em dezembro também foi a menor dos últimos quatro anos: 22,23% ao ano.
Outra tendência é a de que os bancos das montadoras consigam oferecer condições de financiamento mais atraentes do que os bancos de varejo. Isso porque, explica o diretor da Anefac, com aumento do volume de veículos produzidos para atender à demanda interna será necessário um esforço comercial que ajude a acelerar as vendas: “Não são raras as promoções nestes momentos, e o crédito costuma ser concedido mais rapidamente”.
Luiz Montenegro, presidente da Anef, a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras, afirma que os bancos trataram de manter a oferta de linhas de crédito da mesma forma como faziam antes da crise. Mas reconhece que o cenário mais favorável aos financiamentos em 2018 motivará as financeiras a criar produtos que facilitem a contratação de crédito:
“No caso do segmento de veículos leves alguns bancos de montadoras conseguiram tornar flexível o valor de entrada e das parcelas, inserindo a figura da parcela balão, uma que é paga ao fim do financiamento e possui um valor maior. Em alguns casos o valor das parcelas pode ser 40% menor do que um modelo tradional de financiamento”.
A expectativa da Anef para 2018 é a de que o mercado de crédito para a compra de veículos deverá manter a retomada dos negócios. A estimativa da entidade é a de que o volume de recursos liberados cresça 15,1%, passando de R$ 101,1 bilhões para R$ 116,4 bilhões.
No lado dos bancos de varejo há, também, a projeção de que o volume de crédito será maior este ano, muito em função do aumento da confiança do consumidor, da renda e do consequente aquecimento dos negócios no setor automotivo, segundo André Novaes, diretor do Santander Financiamento:
“Vejo maior demanda por crédito e vontade dos bancos em fazer negócios, e isso já está ajudando as vendas de veículos independente de maior ou menor prazo de pagamento. Houve recuperação da renda de quem está trabalhando, a taxa de juros está mais baixa. Estes são os principais alavancadores do crédito”.
Janeiro – As vendas financiadas de veículos novos e usados aumentou no mês passado. Foram 458 mil 522 unidades adquiridas por meio da modalidade, de acordo com dados da B3, Bolsa de Valores de São Paulo. Este volume representa aumento de 14,3% na comparação com o mesmo mês de 2017 e engloba autos leves, motos e pesados. Do total comercializado a crédito 155,7 mil foram unidades novas e 302,7 mil usadas.
Em leves o financiamento de unidades zero quilômetro obteve crescimento de 24,4% com relação a janeiro do ano anterior. Esta é a primeira vez desde 2013 que o mês registra crescimento em comparação com o mesmo do período do ano anterior. Com relação aos leves usados as vendas a crédito somaram 279,7 mil unidades em janeiro, alta de 11,7%.
Foto: Divulgação.
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