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05/10/2018

Garrett, independente, produzirá turbo para automóveis

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Foto Jornalista  André Barros

André Barros

São Paulo – Na segunda-feira, 1º, Olivier Rabiller, presidente e CEO da Garrett, bateu o sino da Bolsa de Valores de Nova York, cumprindo o tradicional ritual que marca o início das negociações de ações de uma empresa. Após um ano de negociação e planejamento a fabricante de turbocompressores se tornou independente da Honeywell, que passou a manter o foco em suas outras áreas de negócio.

 

Nasceu, ali, uma empresa com US$ 3,1 bilhões de faturamento, US$ 623 milhões de lucro EBITDA, 7,5 mil empregados em 160 países, sendo 1,2 mil engenheiros, e treze fábricas – uma no Brasil, em Guarulhos, na Região Metropolitana da Grande São Paulo. Somente no primeiro semestre do ano as vendas globais cresceram 7% com relação ao mesmo período de 2017.

 

Há 65 anos produzindo turbocompressores a Garrett acompanha a tendência de eletrificação do mercado. O presidente da subsidiária brasileira e responsável pela área global de reposição, Eric Fraysse, contou que os principais projetos futuros em âmbito global serão dedicados ao desenvolvimento dos chamados e-turbos, que proporcionarão mais potência e eficiência aos motores aplicados em veículos híbridos e elétricos.

 

No Brasil, porém, os passos estão um pouco mais atrás. A tendência é a aplicação de turbocompressores em automóveis, tecnologia que ainda engatinha – mas, por causa das exigências do Rota 2030, precisará levantar e dar passos firmes nos próximos anos: “No ano passado o mercado de turbocompressores, leves e pesados, OEM e aftermarket, chegou a 700 mil unidades na América do Sul. Em 2022, estimamos que alcançará 2,5 milhões de unidades”.

 

A Garrett, que foi fornecedora do Gol Turbo, já fornece turbos para veículos flex, todos importados. As versões turbo do Hyundai HB20, por exemplo, são equipadas com material produzido em outros países, assim como as dos modelos Mercedes-Benz e BMW. Mas, graças a acordo fechado com uma montadora, que Fraysse não nomeou, os produtos passarão a ser produzidos em Guarulhos – e o desenvolvimento do processo já está em curso, embora sua produção deva começar em dois ou três anos.

 

“O trabalho de localização da produção de turbos para motores flex já começou. Estamos desenvolvendo fornecedores locais, em especial na área de fundição. Precisamos chegar a uma equação de conteúdo local forte com boa competitividade.”

 

Fraysse não revelou investimento nem o volume que será produzido para atender motores 1.0 e 1.4. Contou que será uma linha para um modelo de turbo, com variações de tamanho e aplicação e que não serão necessárias grandes adaptações na fábrica – a linha ocupará o mesmo prédio onde atualmente são produzidos turbos para caminhões, ônibus e picapes.

 

“Temos potencial para fazer crescer em dois dígitos a produção da fábrica”, disse o presidente. “Trabalhamos atualmente com um turno, um turno e meio, então temos condições de atender à demanda.”

 

Por questões internas Fraysse não revelou o volume de produção nem o faturamento na região. Além do mercado brasileiro Guarulhos atende a exportação para diversos países, sobretudo no aftermarket. São quinze modelos de turbo produzidos atualmente, somando mais de trezentos códigos numéricos diferentes.

 

A decisão de nacionalizar a produção de turbos foi tomada antes da publicação do Rota 2030. De toda forma Eric Fraysse admite que a regulamentação é fundamental para que essas tecnologias sejam incorporadas aos modelos locais. Foi assim com os turbos e deverá ser assim com os elétricos, estima o executivo.

 

“Acredito que os híbridos chegarão, mas isto não deverá ocorrer nos próximos anos. É preciso regulamentação. Não temos nenhuma conversa com montadora no sentido de fornecer turbos para esses modelos na região.”

 

Mas, para o outro negócio da independente Garrett, os veículos conectados e autônomos, já existem conversas. A empresa fornece softwares especialmente para a área de cybersegurança. Segundo o presidente essas tecnologias começarão a entrar no mercado brasileiro por meio das fabricantes de veículos comerciais.

 

Foto: Divulgação.