São Paulo – A Volvo promoverá reajustes dos preços da sua oferta no mercado brasilerio a partir deste mês. De acordo com Alcides Cavalcanti, seu diretor comercial de caminhões, o aumento deverá ser de 8% na linha VM, de semipesados, e de 12% na linha F, que abrange a gama de pesados. Há duas justificativas para o reajuste: a primeira é a de que o dólar valorizado frente ao real exerce pressão sobre os custos de produção de caminhões que, segundo ele, "tem conteúdo importado relevante".
Cavalcanti afirmou na terça-feira, 9, que a empresa trabalha com uma média histórica de até 30% de peças importadas nos veículos produzidos em Curitiba, PR, até para poder enquadrar os veículos no Finame, o que exige conteúdo importado de até 40% para a concessão de financiamentos.
Sobre a possibilidade de fazer crescer o conteúdo nacional como forma de proteger os custos do dólar valorizado, o executivo lembrou que movimentos desse tipo “demandam investimentos pesados em fábrica e na cadeia de fornecedores, afora um mercado que proporcione escala”.
Não deve ser o caso de 2020, ano em que a Anfavea já corrigiu suas projeções em função da pandemia que paralisou fábricas e fechou parte da rede de concessionárias: a expectativa, agora, é de queda de 40% nas vendas totais — e o executivo da Volvo espera os mesmos 40% de retração no segmento de caminhões.
No ano passado, segundo dados da Anfavea, os licenciamentos de caminhões cresceram 32,6% na comparação com o resultado de 2018. A produção, por sua vez, cresceu 7,5% sobre a mesma base. Foi nesse contexto que a montadora anunciou investimento de R$ 1 bilhão até 2023, que segue mantido.
O executivo contou, ainda, que um novo reajuste na tabela de preços deverá ser feito no quarto trimestre. "Este, que estamos fazendo agora, ainda não cobre totalmente os custos da operação, sendo necessária uma nova análise no fim do ano".
A segunda justificativa para o aumento é a da retomada gradual da produção: produzir menos elevaria os custos em torno da operação local, que também produz chassis de ônibus.
Até maio a Volvo registrou o menor índice de queda dentre aquelas que registraram desempenho negativo. De acordo com a Fenabrave foram licenciados 5,5 mil caminhões da empresa no País, 5% a menos do que de janeiro a maio do ano passado. Em ônibus o recuo foi de 42,5%. O resultado, até maio, representou fatia de 19% no mercado de caminhões, a terceira maior — atrás de Mercedes-Benz e Volkswagen Caminhões e Ônibus.
No segmento de pesados, porém, a Volvo foi líder e vice-líder até maio com os modelos FH 540 e FH 460, respectivamente. Nos semipesados ocupou a quarta posição dos mais vendidos com o modelo VM 270.
Foto: Divulgação.