São Paulo – As novas regras para concessão de descontos nos tributos para aquisição de veículos PcD, que retirou dos portadores de deficiências leves a possibilidade de conseguir o benefício, deverá provocar uma corrida às concessionárias nos próximos meses. Como a alteração, se aprovada pelos Estados, só entrará em vigor a partir de 2021, os portadores de deficiências leves podem adiantar suas compras.
O caso da liderança do Volkswagen T-Cross em julho é emblemático: segundo o vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen, Gustavo Schmidt, 65% dos emplacamentos do mês passado foram da versão Sense, dedicada ao público PcD. E as novas regras ainda nem haviam sido publicadas no Diário Oficial da União: “Esperamos um aquecimento na demanda por causa da restrição”.
A Volkswagen ainda atendeu a toda a demanda pelo T-Cross Sense. Muitos licenciamentos do mês passado são de modelos vendidos ainda antes da pandemia, em fevereiro e março – há um espaço de tempo do pedido à produção, agravado pela paralisação da fábrica de São José dos Pinhais, PR, por algumas semanas para tentar conter o novo coronavírus.
“Ainda não limpamos toda a carteira de pedidos. A versão Sense do T-Cross é nossa prioridade número um em produção e esperamos produzir tudo até o fim de agosto. Depois disso, anunciaremos nossa estratégia PcD para a linha 2021”.
O T-Cross 2021 foi anunciado na quinta-feira, 6, mas a versão Sense ainda ficou de fora justamente por causa da demanda ainda represada. Até o fim do ano veículos até R$ 70 mil estão enquadrados nas regras PcD antigas – o T-Cross Sense sai por R$ 69 mil 990, sem os descontos de tributos, enquanto a versão 200 TSI da linha 2021 chegará às revendas por R$ 91,7 mil.
Após a publicação das novas regras pelo Confaz, Conselho Nacional da Política Fazendária, governo e entidades deverão discutir novo teto de preços para a política PcD. O atual, R$ 70 mil, é considerado baixo e em breve muitos modelos não mais se enquadrarão – incluindo muitos SUVs, categoria que é vista com bons olhos por esse público pelo amplo porta-malas.
Há pressão de reajuste de preços em toda a indústria, consequência da valorização do dólar. A própria Volkswagen corrigiu sua tabela de preços nos últimos meses e deverá fazer o mesmo nos seguintes, embora o presidente, Pablo Di Si, evite comentar porcentuais destes aumentos.
Foto: jannoon028/Freepik.