São Paulo – Segue sem resposta a pergunta que ecoa nos corredores – e, em tempos de pandemia, nas salas virtuais de videoconferência – das fabricantes de veículos, sistemistas e fornecedores de autopeças: quando o problema da falta de semicondutores e chips no setor automotivo será resolvido?
Marcio Panassol, diretor líder da prática de sourcing & digital procurement da Deloitte, de Ricardo Helmlinger, diretor da Standard America, e de Fernando Jacomel, gerente de desenvolvimento de negócios da Qualcomm, tentaram responde-la durante o Seminário AutoData Compras Automotivas – O Novo Normal, na quarta-feira, 19, mas só chegaram a uma conclusão: não será no curto prazo.
Segundo eles a baixa produção do setor automotivo no início da pandemia reduziu a demanda das empresas do setor por chips e semicondutores, enquanto outras indústrias estavam crescendo e ampliando os volumes de pedidos. Com a forte retomada da indústria automotiva as fabricantes desses componentes não conseguiram atender ao aumento de pedidos das montadoras, um tema já antecipado pela Agência AutoData.
Não foi o único motivo, porém, segundo Panassol, da Deloitte: "Algumas variáveis, como a baixa proatividade no sentido de antecipar uma relação mais colaborativa com esses fornecedores, geraram essa questão. Mesmo sendo uma cadeia de fornecimento muito avançada, a das montadoras ainda tem muito espaço para evoluir nesse quesito, recapacitando seus funcionários para que eles olhem para todas as indústrias, conseguindo observar alguns movimentos que poderão afetar seus negócios, como aconteceu nesse caso".
Jacomel, da Qualcomm, empresa que atua diretamente com semicondutores, ressaltou a necessidade das áreas de compras das montadoras ampliarem sua visão para 360 graus: "Muitos componentes que são usados nos veículos também são demandados por outras indústrias, que estão crescendo. É preciso olhar para outros setores e antecipar a identificação de possível gargalos e se preparar melhor".
O diretor da Standard America, Ricardo Helmlinger, apresentou mais um problema que ajudou na falta desses componentes no mercado: "Existe mais um problema na área de testes e validação desses itens, que na maioria dos casos são realizados nas Filipinas e na Malásia. As empresas desse segmento já estão operando em capacidade máxima. Era um gargalo que estava próximo e chegou".
Também existe a pressão da China e dos Estados Unidos por esses componentes, que têm cerca de 80% de sua produção concentrada em Taiwan. Este país prioriza os pedidos dos dois países e, depois, exporta para os demais mercados.
Mas, ainda na busca pela resposta da pergunta que todos fazem, a expectativa é a de que a situação se normalize em algum momento do ano que vem, com o início da produção de semicondutores nos Estados Unidos. Lá estão surgindo investimentos em algumas fábricas do segmento, assim como com o incremento produtivo de empresas que já atuam nessa área.
Um prazo de dezoito meses foi considerado razoável para que ocorra o equilíbrio da oferta com a demanda.
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