São Paulo – A demanda aquecida por máquinas agrícolas e de construção e a perspectiva de manutenção do cenário de crescimento no curto e médio prazo traz à tona a discussão da necessidade de acompanhamento da cadeia fornecedora. Executivos ouvidos pela Agência AutoData acreditam que para seguir o ritmo dos próximos anos as empresas fornecedoras precisarão, em muitos casos, investir em aumento de capacidade.
Muitos fornecedores da AGCO, que atende às demandas do agronegócio, já estão operando em três turnos, muito próximos do teto de sua capacidade. Para Carlo Martorano, vice-presidente de compras e materiais da AGCO para a América do Sul, será necessário investir, mas o tema é complicado para quem, em um passado recente, viu o estouro de uma bolha de demanda, que reduziu volumes e causou prejuízos.
"É difícil convencer a investir no País quem já fez isso e sofreu, como aconteceu nos últimos anos. Mas temos que fazer, porque o pior cenário é não crescer porque a cadeia não estava preparada".
O presidente da JCB, José Luís Gonçalves, vê cenário parecido na cadeia de fornecimento para máquinas e equipamentos de construção, principal área da companhia: "Temos um grande espaço para crescer, nossa indústria ainda é muito tímida. Marcos como o do saneamento básico e o de gás e óleo deverão trazer forte demanda nos próximos anos, sem contar as concessões e privatizações".
Ambos argumentam que o momento, diante da expectativa de crescimento sustentável sem subsídios governamentais, é de conversar com a cadeia de fornecimento para identificar onde poderão acontecer gargalos, nas commodities e nos componentes, para assim prosseguir com a definição dos investimentos.
O vice-presidente da AGCO disse que um ponto de atenção é o segmento de fundição: "Nos últimos anos várias fundições fecharam porque o negócio não era rentável e hoje falta esse tipo de material no País. É uma área que precisa de investimento".
Gonçalves, da JCB, entende que o momento é de grandes oportunidades para os fornecedores buscarem soluções para aumentar a produção e justificar os investimentos: "É hora de desenhar esse cenário com a cadeia. Onde investir, com quem investir e de que forma fazer isso acontecer. Somos codependentes, precisamos conversar de maneira bem próxima para tomar essas decisões".
Foto: Divulgação.