São Paulo – A Renault espera surfar uma onda um pouco maior no segmento dos SUVs com o lançamento do facelift do Captur. A apresentação do modelo, ano 2022, ocorreu por meio de transmissão ao vivo pela internet para a imprensa especializada no fim da manhã da quarta-feira, 7.
Dados da Anfavea, divulgados poucas horas antes, confirmaram que o segmento é, hoje, de maneira definitiva, a menina dos olhos do mercado brasileiro. De acordo com a entidade no primeiro semestre de 2021 os SUVs ultrapassaram fronteira invisível e se tornaram os modelos mais vendidos do País, abocanhando fatia de 39,4% ante 39% dos hatches nos volumes ao mercado interno. O avanço é absolutamente notável, pois há um ano esses índices eram de 30% para SUVs e 44% para hatches. Mais impressionante ainda: há cinco anos, no fim do primeiro semestre de 2016, os SUVs respondiam por 18% e os hatches por 46%.
No universo particular da Renault o sub-segmento de SUVs médios, que a empresa considera como representantes dentro de seu portfólio o Stepway, o Duster e o Captur, respondeu por 20% de suas vendas no Brasil em 2019. No primeiro semestre de 2021 esse índice saltou a 29% e agora, com o Captur remodelado, pode crescer para algo variando de 30% a 35% nas contas de Bruno Hohmann, vice-presidente comercial.
A maior novidade para o Captur está sob o capô, com o novo motor 1.3 turbo flex, batizado TCe, de Turbo Control Effiency, 170 cv de potência e 27,5 kgfm de torque. Traz injeção direta e duplo comando de válvulas variável com atuadores elétricos. O motor é produzido na Espanha, em uma parceria da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi com o Grupo Daimler. A versão flex foi desenvolvida no Brasil e, segundo a Renault, é exclusiva para a marca.
O câmbio também é novo, de acordo com a Renault, ainda que mantenha a tecnologia CVT com oito marcas simuladas e a denominação XTronic da geração até então ofertada.
Por fora o Captur produzido em São José dos Pinhais, PR, mudou pouco: novidades mais chamativas somente no para-choque dianteiro, com DRL em led, na grade dianteira, ainda com o logo Renault antigo – atualizá-lo atrasaria o lançamento, alegou a empresa – e no desenho das rodas. O modelo ganhou ainda direção elétrica em lugar da hidráulica e acabamento remodelado no interior. A carroceria pode ser pintada em dois tons, com o teto em preto ou prata, somando seis combinações. Duas cores são novas, Bronze Sable e Azul Iron.
As versões abrem com a Zen, a partir de R$ 124,5 mil: de série multimídia Easylink com tela de 8 polegadas, volante com comandos integrados e ajustes de profundidade e altura, quatro airbags, câmara e sensores de estacionamento traseiros, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, DRL em led, sensor de pressão dos pneus, chave-cartão, Start&Stop e piloto automático. Sua versão superior, Intense, que custa R$ 129,5 mil, adiciona ar-condicionado automático, faróis de neblina em led com função auxiliar em curvas, sensores crepuscular e de chuva e duas saídas USB para o banco traseiro.
A topo de linha Iconic, por R$ 138,5 mil, soma também faróis full led, sensor de ponto cego, câmara 360 graus, partida remota do motor e revestimento interno em dois tons, preto e marrom. A Renault não divulgou projeção de mix tampouco volume de vendas projetado.
Segundo o presidente Ricardo Gondo o novo Captur já utilizou recursos do plano de investimento 2021-2022, anunciado em março, de R$ 1,1 bilhão, assim como a nova geração do elétrico Zoe, importada, lançada em abril, além do desenvolvimento do novo motor 1.3 turbo flex. O aporte será aplicado ainda em renovação de mais quatro produtos do portfólio atual e para mais um elétrico.
“O Brasil continua sendo estratégico para o Grupo Renault. Vamos aplicar todo o plano conforme o previsto e pretendemos anunciar um novo ciclo de investimento, mais longo, em breve, inclusive para entrada em novos segmentos.”
O executivo mais uma vez negou que um destes novos segmentos seja representado pela picape média Alaskan, fabricada na Argentina. De acordo com Gondo unidades do modelo desembarcaram no Brasil apenas para testes e homologações de motores para América Latina, pois o centro regional de desenvolvimento fica no Complexo Ayrton Senna, no Paraná, para retorno ao país de origem logo depois: “A Alaskan seria um produto importante porque aumentaria nossa cobertura. Hoje não estamos nas picapes maiores, um segmento muito competitivo. Analisamos as oportunidades, mas não há definição e não está previsto seu lançamento no Brasil”.
Fotos: Divulgação.