São Paulo – O 13 de julho de 2021 já é uma data histórica para a indústria automotiva brasileira: foi lançado oficialmente o VW e-Delivery, primeiro caminhão 100% elétrico desenvolvido, testado e produzido aqui. Mais de cinquenta empresas aguardavam esta terça-feira para avançar nas negociações com a equipe de vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, segundo seu vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas, Ricardo Alouche.
A primeira aparição do e-delivery ocorreu quatro anos atrás, em Hamburgo, Alemanha. Um ano depois a Ambev sinalizou intenção de comprar 1,6 mil unidades de um caminhão que sequer estava em linha de produção, o que certamente ajudou a acelerar seu desenvolvimento: a fabricante de bebidas ofereceu sua operação como ferramenta para auxiliar nos testes.
Após rodar mais de 45 mil quilômetros de testes em aplicação real e mais de 400 mil quilômetros em testes de durabilidade, sem emitir um único grama de CO2, o e-Delivery chega às concessionárias com a intenção de compras da Ambev, encomenda de vinte unidades pela Coca-Cola Femsa, de uma unidade pela JBS e 58 negociações em paralelo. O modelo, produzido em Resende, RJ, já pode ser considerado um sucesso.
Para produzi-lo a Volkswagen Caminhões e Ônibus desembolsou R$ 150 milhões e formou parcerias. Replicou a experiência do Consórcio Modular na fábrica sul-fluminense para o e-Consórcio, formado por CATL, Moura, Weg, Bosch, Meritor, Semcon, Siemens e Eletra. Mais próximo ao lançamento ganhou reforço da ABB e da GDSolar. O objetivo é vender não apenas o caminhão ao cliente mas toda a infraestrutura necessária para que ele rode com energia limpa.
“Ofereceremos soluções até o fim da vida útil da bateria, com a sua reciclagem”, afirmou o CEO Roberto Cortes, em evento online de apresentação do e-Delivery à imprensa. “O cliente terá, além dos ganhos ambientais e de ruídos, economia no uso da aplicação: há menos necessidade de manutenção, e a energia tem custo menor do que o diesel”.
Cortes calcula que o preço do e-Delivery, lançado nas versões de 11 e 14 toneladas – sua grande aplicação é nas entregas urbanas – é de 2,5 a 3 vezes superior ao de um similar a diesel, por isso o reforço no TCO. A VWCO pretende ganhar, também, com a venda de serviços agregados, como os planos de manutenção e de gerenciamento de frota.
Nesta primeira etapa a VWCO priorizará o Brasil para a venda do e-Delivery. Cortes admitiu, porém, que o produto e suas soluções chegarão em breve a outros países da América do Sul. E sinalizou que a rota da eletrificação do portfólio deverá continuar no segmento de chassis de ônibus:
“Um passo de cada vez. Priorizamos os caminhões e agora, com a estrutura de produção pronta, devemos avançar em ônibus”.
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