São Paulo – A transformação da indústria automotiva, com o avanço dos automóveis e veículos comerciais elétricos, abre um leque de novas oportunidades de negócios no médio prazo. A preocupação com o descarte das baterias destes modelos ao fim de sua vida útil já é coisa do passado: há neste campo muito potencial para gerar novos modelos de negócios.
Tanto a reciclagem como o uso destes componentes para uma segunda aplicação, após processo de reforma, demandam um ecossistema com a participação de novas empresas como startups, deverá interessar as concessionárias e até as próprias montadoras. No caso da reciclagem as bateria possuem alto valor agregado em toda a sua composição, que poderá gerar interesse de novos concorrentes. No segundo uso, um novo mercado deverá se abrir.
“Haverá um grande mercado para isso no futuro”, disse Henry Joseph Júnior, diretor técnico da Anfavea. “Novas empresas poderão entrar no negócio para comprar baterias no fim da vida útil da primeira utilização, reformar e aplicar em outras operações como armazenamento de energia em indústrias e residências".
Ainda que com baixo volume algumas empresas já operam nesse segmento. A Atlas Power, startup de mobilidade elétrica, é um exemplo que ainda aguarda volumes maiores no Brasil. Diogo Seixas, seu fundador, é também diretor de componentes da ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico.
Resolvida a questão das bateria surge uma nova interrogação: a reciclagem das carcaças. Este ponto ainda gera algumas dúvidas para o diretor Joseph Júnior, da Anfavea, que usa como base os veículos a combustão no Brasil: sua reciclagem ainda muito tímida, até porque a renovação da frota é lenta e os veículos com dez ou quinze anos de uso ainda apresentam bom valor de revenda. A questão é entender quanto tempo os carros elétricos ficarão no mercado, se será viável uma troca das baterias para que eles sigam rodando e como será a sua desvalorização no mercado.
Para Seixas isso não deverá ter muito mistério: "A grande diferença do carro elétrico para o com motor a combustão é a bateria e o motor elétrico, ambos totalmente recicláveis e com alto valor agregado: ninguém descartaria itens como esses. O resto é igual ao dos carros atuais e serão descartados da mesma forma".
O descarte dos veículos elétricos da forma correta, sem as baterias e o motor, é um ponto de atenção para a Aladda, Associação Latino-Americana de Distribuidores de Veículos, segundo Alejandro Saubidet, seu presidente. Ele alerta para uma possível contaminação do solo: usou como exemplo imagens de pátios cheios de carros elétricos abandonados na Europa e na China.
Na opinião dos executivos brasileiros esse é um ponto que será seguido à risca por aqui, como lembrou Joseph: "É necessário lembrar que o Brasil tem uma legislação forte para reciclagem das baterias convencionais usados nos veículos atuais, que são todas recolhidas e descartadas da forma correta. Isso também fará parte desse futuro elétrico e não é uma preocupação".
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