De acordo com o diretor da BorgWarner para sistemas de baterias no Brasil, Marcelo Rezende, a maior oferta de ônibus elétricos ativará demanda por esses equipamentos
São Paulo – De olho no movimento de fabricantes de ônibus em apresentar versões 100% elétrica de chassis a BorgWarner considera ampliar seu portfólio dedicado a esta tecnologia no Brasil. Desde o início de agosto houve a junção global da divisão de baterias com a de carregadores estacionários e, portanto, estes últimos poderão abastecer o mercado local diante da existência de demanda.
Foi o que contou a AutoData o diretor da BorgWarner para sistemas de baterias no Brasil, Marcelo Rezende: “Agora ambas as divisões fazem parte do mesmo grupo de negócios e estamos tentando entender as oportunidades para o carregador estacionário, que já é um produto do portfólio BorgWarner. Temos de identificar a maneira com que podemos expandir a produção aqui no Brasil também”.
A estratégia da BorgWarner, que fabrica sistemas de baterias para veículos comerciais elétricos e seus componentes em Piracicaba, SP – e os fornece para o eO500U da Mercedes-Benz, por exemplo –, não está no formato wallbox, mas em equipamentos estacionários de alta potência, ideais para frotas. Ou seja: pode ser instalado em garagens de ônibus.
Fabricado pela sistemista nos Estados Unidos e na Ásia um dos modelos é o bidirecional V2G, vehicle to grid, com 125 KW de potência, que permite a devolução de energia para a rede em momentos de pico, por exemplo, e depois, quando precisar fazer a recarga do veículo, é possível trazer a eletricidade.
“Este é um produto que estamos vendo com muita atenção, porque os carregadores tradicionais não devolvem energia para a rede: como têm uma bateria interna ficam com um pouco de energia armazenada. Mas, neste processo inteligente, ele consegue ajudar a rede.”
Ideal para frotas de veículos, equipamento bidirecional com potência de 125 kW devolve energia não utilizada para a rede. Foto: Divulgação.
Outro produto é o DC Fast Charger, de recarga rápida, com potência de 180 kW a 360 kW, que dependendo da bateria consegue recarregar o ônibus em menos de 30 minutos. Os equipamentos podem atender tanto veículos comerciais como automóveis de passeio e permitem a colocação de dispensers para abastecer mais de um veículo por vez com uma só base.
Sobre os desafios da rede de abastecimento de eletricidade e a falta de infraestrutura nas garagens Rezende considera que o tema, amplamente discutido, será superado a partir dos investimentos necessários. Ele avalia que é muito clara a rota da eletrificação para veículos comerciais, principalmente quando se fala em transporte de passageiros, como mostram exemplos ao redor do mundo.
O executivo, que tem viagem marcada para a Europa no fim do mês a fim de aprender mais sobre a tecnologia dos carregadores estacionários, novidade para a sua divisão, reforçou a premissa da BorgWarner de nacionalizar a produção de tecnologias globais sempre que houver procura:
“Se a demanda estiver iminente pode ser que faça mais sentido localizar, se não estiver tão forte talvez faça mais sentido começar com uma importação e localizar em etapas, assim como vem sendo feito com o projeto de baterias no Brasil”.
A companhia segue na etapa inicial do projeto de fabricar baterias localmente. Hoje a bateria é importada e aqui são produzidos acessórios que compõem o sistema: “O planejamento estratégico é aumentar a nacionalização e ter mais etapas de produção até chegar à fase de produzir completamente a bateria aqui no Brasil. É o nosso plano, sempre alinhado com a demanda”.