São Paulo – Ao menos no discurso os anseios da indústria encontram receptividade dentro do governo, especialmente na Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, vinculada ao Ministério da Economia. Margarete Gandini, coordenadora geral de implementação e fiscalização de regimes automotivos, levantou os dois temas em sua apresentação no Fórum AutoData de Veículos Comerciais, que começou na segunda-feira, 25, e segue até a quarta-feira, 27, em ambiente virtual.
No quesito nacionalização há avanço especial em uma questão que aflige a indústria no geral e que começou a gerar impactos mais severos no segmento de comerciais pesados este ano, com aumento na paralisação de produção de empresas com Mercedes-Benz e Scania por escassez de semicondutores. Está em pauta um Plano Brasil de Semicondutores, no qual a Anfavea participa da discussão e que terá na quarta-feira, 27, um seminário para debater as reais necessidades dos diversos setores consumidores.
Segundo Gandini a ideia é produzir semicondutores no Brasil, mas não só isso: o mantra dentro da Secretaria é fortalecer a indústria, por meio de ações que ampliem a nacionalização. Citou como exemplo o MiBi, a rede colaborativa que pretende identificar e propor soluções de produção local para itens que, atualmente, não possuem similar fabricado no Brasil.
“O MiBi já encontrou soluções importantes, com materiais alternativos e que podem avançar. Da mesma forma temos essa preocupação com os semicondutores, pois diversas entidades participam da discussão dentro de um grupo criado para isso.”
Com relação à descarbonização o discurso do governo está bem convergente com o da indústria. Gandini disse que não há solução única e citou a bioenergia como solução, dentro de um contexto que engloba etanol, célula de hidrogênio, biogás e outras alternativas.
Para os pesados, hoje, a questão do GNV e do biometano são relevantes: há fabricantes locais produzindo e com planos de produzir caminhões e ônibus movidos a estes combustíveis. Para que a tecnologia avance o governo ajudará a expandir os corredores verdes, ampliando a oferta dos combustíveis em estradas.
“É aquela velha conversa: não tem caminhão porque não tem posto para abastecer ou não tem local de abastecimento porque não tem veículos. Então o governo se juntou aos diferentes atores da cadeia para criar a política do GNV.”
A coordenadora observou, também, sobre o Renovar, o aguardado programa de renovação de frota. Disse que já há fontes para os financiamentos dos caminhões novos e que há a possibilidade de ampliar o programa, se necessário. Mas, antes, é preciso avançar na regulamentação:
“A partir da publicação do decreto que vai regulamentar a Sepec publicará uma portaria com o passo a passo do programa. É um programa que contará com apoio de governos estaduais, no caso dos caminhões, e municipais, dos ônibus”.
Segundo ela já há acordos com Minas Gerais e conversas avançadas com São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul para a operação do programa. Rio de Janeiro e Santa Catarina deverão ser os próximos a sentar à mesa para negociar: “Quanto mais estados aderirem mais robusto ficará o programa”.