São Paulo — No início de maio a Caoa Chery tomou decisão que surpreendeu aos funcionários da fábrica de Jacareí, SP, de onde saíam Arrizo 6 e Tiggo 3x: a produção de veículos movidos por motor a combustão interna seria imediatamente encerrada e a unidade passaria por reestruturação para que, em 2025, recebesse apenas veículos elétricos. A dúvida que ficou no ar: qual o papel daquelas instalações no plano da empresa nesse período de três anos? Na noite da terça-feira, 14, o vice-presidente de operações da Caoa, Márcio Alfonso, contou que o papel da fábrica, agora, no primeiro momento, será armazenar veículos eletrificados importados como o híbrido flex Arrizo 6 PRO Hybrid, que chegará às concessionárias em agosto, e o subcompacto 100% elétrico iCar, que no fim do mês aportará por aqui.
Alfonso afirmou ainda que a unidade de Jacareí será a responsável por nacionalizar os veículos importados a fim de que sejam realizados testes e adequados às normas do mercado brasileiro antes de serem comercializados: “Toda importação passará por Jacareí antes de seguir para as concessionárias”.
A Caoa Chery ainda estuda quais modelos serão fabricados ali, segundo Alfonso: “Haverá uma retomada forte para produzir duas ou três vezes mais com outros modelos”.
Inaugurada em 2014 a fábrica paulista passou a ser administrada pela Caoa no fim de 2017, quando a companhia adquiriu metade da operação brasileira da Chery. O espaço foi originalmente desenhado para carros pequenos, como QQ. Ela não comporta veículos maiores, como os SUVs. A capacidade produtiva de Jacareí era de 150 mil unidades ao ano.
Alfonso disse, sobre as demissões recentes, que os funcionários eram muito qualificados, mas que não havia condições de a companhia mantê-los até 2025 sem produção. Um telegrama dispensou 489 trabalhadores da linha de montagem dos 624 que trabalhavam na planta. Após queda de braço com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, envolvendo mediação do Ministério Público do Trabalho, foi definido pacote de indenização para o desligamento.
Nesse período, de utilização das instalações para os modelos importados, cerca de noventa pessoas trabalharão em Jacareí, metade do contingente de profissionais do setor administrativo e o restante contratado para organizar as novas funções da fábrica.
Com relação à rede concessionária o executivo assinalou que não haverá alterações e que as revendas serão mantidas.