São Paulo – Como forma de protesto à decisão da Mercedes-Benz de terceirizar algumas de suas atividades na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, como a área de logística, trabalhadores do setor cruzaram os braços durante a manhã de terça-feira, 27, e paralisaram o primeiro turno.
Embora a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sigam negociando alternativas ao cenário a reação dos operários foi motivada por proposta de PDV, programa de demissão voluntária, apresentada pela companhia, com oferta de dez salários adicionais. E também pelo fato de que ela teria se antecipado às negociações e chamado fornecedores para fazer estudos sobre a viabilidade da terceirização.
O diretor executivo do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, classificou a postura da empresa de desrespeitosa, “pois uma negociação pressupõe encontrar caminhos”. Agora, segundo ele, os próximos passos prevêem mais paradas, definidas dia a dia: “Essa é uma resposta à empresa para quem ela tenha seriedade, porque nós temos toda a seriedade do mundo: nosso compromisso aqui é com o futuro dessa planta e com o futuro dos nossos empregos”, disse durante assembleia com a área de logística.
O coordenador do sindicato na Mercedes-Benz, Sandro Vitoriano, complementou que esse processo pressupõe grande desafio e que por se tratar de algo complexo não pode ter a negociação acelerada: “É preciso fazer todo o mapeamento possível para tentar diminuir o impacto no setor. Não deve ser uma negociação curta, será uma luta árdua, precisaremos do engajamento de todos”.
Enquanto isso 361 trabalhadores temporários, que ficaram na fábrica por dois anos, estão com contratos por vencer em 3 de outubro. De acordo com o sindicato, entretanto, historicamente, durante processos de negociação contratos foram encerrados e, posteriormente, os profissionais foram recontratados. A entidade também segue com esperança de reverter as demissões.
Esse grupo faz parte dos 1,4 mil temporários que a Mercedes-Benz não pretende manter na empresa. Uma segunda parcela de contratos temporários vence em dezembro e a terceira em maio. Somados a eles outros 2,2 mil deverão ser desligados da empresa ainda este ano, perfazendo os 3,6 mil funcionários que a empresa quer demitir.
A Mercedes-Benz deixou clara sua intenção, no início do mês, de terceirizar áreas. Além de logística a manutenção, fabricação e montagem de eixos dianteiro e transmissão média, ferramentaria e laboratórios, hoje verticalizadas.
Procurada a companhia informou que as atividades da área de logística já foram retomadas normalmente sem grande impacto nas operações de caminhões e ônibus. E que não se pronunciará com relação a possíveis fornecedores nem medidas trabalhistas enquanto as negociações estiverem em andamento.