São Paulo – Dirigentes da Mercedes-Benz e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC reuniram-se pela segunda vez na quarta-feira, 21, para discutir o anúncio, feito pela empresa, de que terceirizará algumas atividades do processo produtivo em São Bernardo do Campo, SP, e, com isso, demitirá 3,6 mil trabalhadores até dezembro.
Segundo o presidente do sindicato, Moisés Selerges, a empresa tem se mostrado aberta a ouvir os argumentos da entidade: “A montadora não afirmou que demitiria as pessoas e que este é um caminho irreversível, que não negociará. Portanto, avaliamos como algo positivo”.
Durante a reunião foram abordadas alternativas à desverticalização e uma nova reunião foi agendada para sexta-feira, 23.
Mas em Hannover, Alemanha, durante o IAA, salão internacional de transportes, Karin Rådström, responsável pela marca na Europa e na América do Sul, afirmou que a terceirização é uma forma de a companhia buscar equilíbrio para a equação financeira da produção, para gerar valor ao negócio e ter condições de investir no desenvolvimento das novas tecnologias:
“O futuro da mobilidade está em jogo e os investimentos serão necessários nessa transição que acontece rapidamente na Europa e que chegará em algum momento ao Brasil”.
A Mercedes-Benz planeja terceirizar atividades como logística, manutenção, fabricação e montagem de eixos dianteiros e da transmissão média, ferramentaria e laboratórios, hoje feitas internamente.
Dessa forma até o fim do ano 2,2 mil funcionários serão dispensados, possivelmente por meio de PDV, programa de demissão voluntária, e outros 1,4 mil temporários não terão seus contratos de trabalho renovados.
Como forma de protesto à decisão da montadora, uma vez que não aceita os cortes, o sindicato organizou paralisação nas linhas de produção da quinta-feira, 8, ao sábado, 10. Desde segunda-feira, 12, entretanto, a fábrica opera normalmente.
A empresa informou que se pronunciará apenas quando as negociações com o sindicato chegarem ao fim.