Primeiro carro da Great Wall vendido no País tem sistema híbrido plug-in com autonomia de 170 km em tração 100% elétrica
Rio de Janeiro – Um SUV elétrico com motor a gasolina – e não o contrário. Assim pode ser definido o Haval H6, primeiro carro da chinesa Great Wall Motor no mercado brasileiro que começa a ser vendido nos primeiros meses de 2023, importado da China. Em princípio o modelo chega em versão única topo de linha, com powertrain híbrido plug-in e recheado de sistemas avançados de segurança ativa e assistência ao motorista.
O principal diferencial é o sistema E-Traction, que garante a maior autonomia elétrica para um híbrido plug-in disponível no mercado mundial, três a quatro vezes acima do que qualquer concorrente do tipo, de até 170 quilômetros – já medido pelo padrão brasileiro NBR – tracionado por dois motores elétricos, um em cada eixo, alimentados por bateria de 34 kW/h, que é recarregada pelo motor a combustão a partir dos 60 km/h ou na tomada de casa em 10 horas, ou 5 horas no wall box, que será vendido à parte com serviço de consultoria para instalação, ou em 29 minutos em uma estação de carga rápida.
Combinando a tração elétrica com um motor a gasolina turbo 1.5, que entra em ação em velocidades superiores a 70 km/h ou quando o pedal do acelerador passa da metade de seu curso, o Haval H6 tem bem-dispostos 393 cv, potência bem distribuída na tração integral e sentida logo na primeira pisada em curto trajeto na pista expressa do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, RJ, onde a Great Wall permitiu um primeiro contato físico de jornalistas com seu primeiro carro no País, poucas horas antes de lançar oficialmente a marca para concessionários e convidados em festa no Museu do Amanhã.
O preço do Haval H6 só será divulgado em janeiro mas a GWM deu algumas pistas: como SUV de porte médio vai competir em tamanho com Jeep Compass, Volkswagen Taos e Chevrolet Equinox, mas em preço o alvo parece ser o conterrâneo híbrido plug-in Song Plus DM-i, recém-lançado pela BYD no Brasil em pré-venda por R$ 270 mil, com o primeiro lote de duzentas unidades colocado à venda esgotado em uma semana. Segundo consta o esforço da equipe comercial da GWM é lançar o H6 abaixo deste valor.
O CCO Oswaldo Ramos, chefe comercial da GWM no País, garantiu que a ideia não é brigar por preço mas em oferecer vantagens competitivas tecnológicas que, ele avalia, o consumidor brasileiro está preparado e ávido para ter.
“Lançaremos um veículo topo de linha, com as mais modernas tecnologias de série, sem opcionais, e o sistema híbrido que reúne o melhor dos dois mundos, oferece o torque e a aceleração de um carro 100% elétrico em uso urbano e a autonomia do motor a combustão em trajetos mais longos. Depois de conhecer o Haval H6 o consumidor se perguntará para que ele precisaria de um elétrico puro a bateria.”
Oswaldo Ramos, CCO GWM Brasil
Embora esta não pareça ser uma preocupação para quem compra carros deste preço a GWM garante que o H6 é o SUV médio mais econômico do mercado, que segundo medições da empresa tem consumo de gasolina cinco vezes menor e emissões dez vezes menor do que carros equivalentes em peso e potência.
Ainda conforme aferição da GWM na comparação com a concorrência o Haval H6 tem a maior potência e o menor gasto de combustível, de R$ 17,40 a cada 100 quilômetros rodados, contra R$ 35,02 do Jeep Compass 4xE, também um híbrido plug-in, e R$ 34,15 do Toyota Corolla Cross híbrido flex fechado. Isto porque devido à maior autonomia de sua bateria a fabricante estima que 80% do uso do veículo será com tração 100% elétrica.
Mudanças do Brasil para o mundo – O Haval H6 já está dando suas voltas no Brasil ainda na forma de protótipo, com modificações feitas para o mercado brasileiro, principalmente no acerto de suspensão, direção elétrica, uso de dois motores elétricos – em vez de um como na versão original chinesa – e diferenciações visuais, como rodas e substituição de cromados por acabamento em preto.
As alterações foram propostas pelas equipes brasileiras de vendas e desenvolvimento já contratadas para a subsidiária da GWM. A matriz não só acatou como incorporará globalmente muitas das modificações feitas aqui, contou Ramos: “O Haval H6 que será vendido aqui ainda não existe: está sendo desenvolvido. Como o Brasil é considerado prioritário no plano de internacionalização da Great Wall eles querem fazer o possível para agradar ao consumidor, acataram nossas ideias e incorporarão muitas delas em outros mercados”.
Outra modificação em curso é a tradução para o português de toda a inteligência artificial do carro, incluindo a interface do quadro de instrumentos digital, do head up display, que projeta à frente dos olhos do motorista informações de navegação, velocidade e monitoramento de faixa, e da tela tátil central de 12,3 polegadas de alta definição, que integra configurações do carro e o sistema multimídia, bem como os muitos comandos de voz que podem acionar vidros, teto solar, climatização ou volume do som e escolha da música.
O H6 é programado como um chatbot para entender expressões, sotaques e atender pedidos: basta dizer “olá Haval” e ordenar ações como “abrir o vidro” ou “estou com calor”, neste caso para reduzir a temperatura do ar-condicionado.
Também está sendo selada parceria com a Claro para instalação de chip que vai conectar o Haval H6 à rede de telefonia móvel e fornecer conexão wi-fi para os ocupantes. Os sistemas do carro serão atualizados via internet e um aplicativo de smartphone monitora as informações do veículo e pode acionar controles à distância, como ligar o motor para climatizar a cabine.
Design europeu e direção semiautônoma – A GWM caprichou no desenho e acabamento do novo Haval H6, o SUV mais vendido da China e sétimo no mundo. As formas do veículo usam fórmula já bem conhecida para o segmento, que mistura traços fluídos com linha de cintura alta e vincos na carroceria para denotar robustez que um utilitário esportivo deve ter. A dianteira com a grade avantajada reforça este aspecto, com trama que lembra o Peugeot 3008.
Ao que parece a GWM embarca no Haval H6 toda a tecnologia que tem disponível, acima do nível 2 de condução semiautônoma, que envolve controle de velocidade adaptativo com relação do veículo à frente, com função anda-e-para no trânsito, e assistência no volante para permanência na faixa de rodagem, possibilitando que o motorista dirija sem os pés e as mãos levemente apoiadas na direção, só por segurança.
É bastante refinado o sistema de radares e câmaras que conduz a direção autônoma ou aciona o sistema de frenagem automática de emergência, com reconhecimento do tipo de veículo que vai à frente – carro, caminhão ou moto – e de pedestres, ciclistas ou objetos, como cones de sinalização. Em condução lenta, nas manobras, são acionadas câmaras que simulam na tela central a projeção do alto de todo o entorno do veículo, bem como imagens da traseira e da dianteira.
Os refinados sensores também orientam o sistema de estacionamento automático, que identifica com precisão vagas laterais ou perpendiculares e, ao toque de um botão, estaciona o veículo sem que o motorista precise colocar a mão no volante ou o pé no freio.
O sistema também grava na memória da central de gerenciamento os últimos 50 metros percorridos pelo carro a até 30 km/h, guardando os ângulos exatos de todas as curvas feitas. Se quiser o motorista pode acionar o Autoreversing que faz o veículo voltar de ré pelo mesmo caminho que percorreu, sem necessidade de colocar as mãos no volante, o que é útil para sair de vagas e ruas muito apertadas.
“Entendemos que sistemas de segurança não podem ser opcionais em um carro deste nível. E o cliente que paga este nível de preço quer todas as tecnologias incluídas”, assinalou Ramos. “Por isto está tudo incluído, e o único opcional será o teto panorâmico e, mesmo assim, por causa de opção de blindagem.”
O Haval H6 começa a ser importado agora e poderá ser montado na fábrica da GWM em Iracemápolis, SP, “quando houver demanda superior a cinco dígitos para justificar a produção local”, informou Ramos.