Sem rede de concessionárias empresa aposta em representantes comerciais
São Paulo – Desde 2019 ensaiando iniciar suas operações no Brasil, planejamento adiado por causa da pandemia da covid-19, mais uma montadora com sede na China desembarcou no mercado brasileiro de olho na faixa de veículos eletrificados. A Seres, que mantém três fábricas em seu país-sede, já começou a importar dois utilitários e um SUV, todos 100% elétricos, e definiu seu plano para o País. Como a GWM, também de origem chinesa, aposta nas vendas digitais e na entrega do carro no endereço do cliente: a diferença é que a Seres não terá concessionárias físicas, apenas representantes comerciais serão nomeados para apresentar o veículo e oferecer test drive.
“Percebemos as mudanças na forma de comercialização de veículos no Brasil e no mundo e entendemos que um modelo mais leve é o mais adequado, sem concessionária com estoque”, disse o sócio diretor Arthur Marcial à Agência AutoData. “Queremos focar no digital e usar como base o que outras montadoras já fazem em suas operações, como a Tesla.”
Por aqui a operação da Seres foi iniciada em São Paulo e em Brasília, DF, onde instalou escritórios próprios. A plataforma digital já está no ar e a expectativa é, mês a mês, ampliar o alcance gradativamente: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Bahia estão nos planos, segundo Marcial, que já conversa com representantes comerciais nestes estados.
O primeiro lote dos veículos comerciais EC31 e EC35, composto por dez unidades de cada, chegou ao Brasil em março, e as primeiras unidades do SUV Seres 3 chegarão no fim de abril. Também está previsto o lançamento do Seres 5, apresentado globalmente em fevereiro, com chegada no Brasil prevista para maio ou junho, quando a produção na China deverá conseguir abastecer o mercado.
Para o primeiro ano de operação a Seres projeta importar 1 mil unidades, sendo 60% de veículos comerciais e 40% de carros de passeio. Marcial ponderou, contudo, que o porcentual poderá mudar conforme a operação avançar e a empresa notar maior demanda por um ou outro segmento:
“Sabemos que é um plano ousado, mas possível, principalmente no segmento de veículos comerciais elétricos, usados nas operações de last mile. É aqui que esperamos fazer volume maior e já temos negociações avançadas com grandes empresas e locadoras que operam nesse segmento e buscam veículos elétricos para sua frota”.
Para divulgar a chegada da marca a intenção é trabalhar bastante com mídias sociais e ações focadas em possíveis clientes, com test-drive disponível. A redução de custo por quilômetro rodado será destacada: segundo a empresa um veículo movido a diesel similar ao EC31 e EC35 gasta cerca de R$ 0,78 por quilômetro rodado e os caminhões da Seres gastam de R$ 0,15 a R$ 0,18.
Para atender aos primeiros clientes a Seres usará suas oficinas próprias em São Paulo e em Brasília, mas negociações para ampliar este alcance estão em andamento. A Seres busca parceria com redes de pós-vendas para realizar a manutenção dos veículos.
Marcial lembrou que as revisões dos veículos elétricos da Seres são a cada 20 mil quilômetros rodados e não a cada 10 mil, como em veículos a combustão, e que o número de itens trocados é menor.
Todos os veículos da Seres serão entregues com um carregador portátil, compatível com qualquer rede 220 v, mas a empresa já estuda parceria para entregar também um wallbox alugado, com um ano de mensalidade gratuita e o cliente definindo o local de instalação.
Correção: A GWM terá concessionárias físicas em sua operação, inclusive já anunciou a abertura de 50 pontos de vendas e serviços. Do modo que foi originalmente publicado dava a entender que a companhia operaria sem revendas físicas. O texto foi corrigido.