São Paulo — A Abeifa manifestou contrariedade ao pedido da Anfavea de antecipar o cronograma do retorno dos 35% de imposto de importação para veículos híbridos e elétricos. Em nota a associação cobrou “previsibilidade nas políticas industriais do setor automotivo brasileiro” e “respeito aos consumidores que têm direito ao acesso e à escolha por tecnologias de ponta”.
O imposto de importação para eletrificados retorna de maneira gradual desde janeiro, em decisão do governo de retomar a cobrança após pressão da indústria. A volta da tarifa, porém, não freou a importação destes veículos, sobretudo da China: de janeiro a maio, segundo a Anfavea, cresceram 510% as importações de modelos produzidos no país asiático.
No Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2024 o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, reforçou sua preocupação e afirmou que pedirá o governo a antecipação do retorno da tarifa cheia, 35%, previsto apenas para julho de 2026 no cronograma estabelecido pelo governo no ano passado.
A entidade está preocupada com a “invasão chinesa”, simbolizada pelo bom desempenho da BYD nas vendas, décima marca mais vendida do mercado e projeção de 120 mil unidades importadas para o ano, todas importadas enquanto a fábrica de Camaçari, BA, não entra em operação.
A Abeifa, na nota, afirmou que “políticas protecionistas não trazem benefícios ao Brasil, ressaltando que nos anos 1990, não fossem a abertura do mercado interno para veículos importados, o País não teria o parque industrial de hoje com algumas dezenas de fabricantes”. E finalizou: “Medidas protecionistas ou barreiras alfandegárias artificiais são ineficazes. A médio e longo prazos, são prejudiciais a toda a cadeia automotiva”.
Nos bastidores executivos do setor ponderam que os 35% de imposto não serão suficientes para barrar esta invasão e citam Estados Unidos e União Europeia, que também adotaram medidas protecionistas contra os chineses, como reforço para o pleito.