São Paulo – A volta do carro popular, para elevar o ritmo produtivo da indústria nacional, foi a proposta do presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, durante painel do Seminário Megatendências 2023 – O Novo Brasil, organizado pela AutoData Editora, que também contou com a presença de Cláudio Sahad, presidente do Sindipeças.
Andreta acredita que voltar a produzir veículos de entrada, com preço médio menor, trará de volta mais clientes para o negócio: “Eu respeito a decisão das montadoras de trabalharem com veículos de segmentos mais altos buscando elevar a rentabilidade, mas devemos voltar a olhar para os carros de entrada. Isto não alterará o volume que a indústria já tem hoje. Estamos trabalhando em um projeto, que ainda não está definido, mas será apresentado ao novo governo federal e que segue nesta linha”.
Andreta acredita que este seja um dos caminhos para reduzir a capacidade ociosa das fábricas e puxar todos os elos da cadeia automotiva, considerada muito importante para a retomada do crescimento do País: “Para ganhar escala isso será necessário [a volta dos veículos de entrada] e só esta escala manterá viva a rede de concessionárias, porque com o volume atual a conta não fecha. As revendas precisam de maior volume de veículos para se manter, assim como fornecedores e seguradoras”.
A taxa de juros também preocupa e dificulta os avanços dos negócios, ponto no qual Andreta não espera grandes mudanças a curto prazo. Mas com carros mais baratos a procura por crédito poderá ser maior e, neste caso, o tempo para os financiamentos poderá ser alongado, com uma condição um pouco diferente.
Sahad, presidente do Sindipeças, disse que a entidade já se reuniu com o novo governo para apresentar sua agenda de competitividade e da necessidade de derrubar entraves para o avanço da indústria, e sentiu interesse dos governantes em trabalhar na reindustrialização do País:
“A indústria automotiva tem papel muito relevante na recuperação do País e na geração de empregos de qualidade. Precisamos melhorar nossa competitividade da porta para fora e acredito que isso só será possível com uma política industrial de Estado. É necessário gerar um ambiente de negócios seguro no País para atrair investimentos e capacitar a mão de obra: temos o Senai, que faz um muito bom trabalho, mas com capacidade limitada”.
Assim como Andreta, ele defende a volta do carro popular. Sahad acredita em outra tendência para o futuro mais a longo prazo, que é fazer do Brasil uma base exportadora de peças para motores e veículos a combustão. Segundo o presidente do Sindipeças surgirão grandes oportunidades após China, Estados Unidos e Europa encerrarem a produção de veículos a combustão e o Brasil, dentre três ou quatro players que podem assumir esta demanda, é o que tem a engenharia e a cadeia de fornecimento mais desenvolvidas.