Medidas do governo alavancaram as vendas e fizeram de julho o melhor mês do ano
São Paulo – É indiscutível: os descontos patrocinados pelo governo por meio das Medidas Provisórias 1 175 e 1 178 aqueceram, ainda que de forma momentânea, o mercado brasileiro de veículos leves. Em julho as vendas, segundo a Fenabrave divulgou na quarta-feira, 2, somaram 225,6 mil unidades, o melhor resultado mensal do ano – e o maior desde dezembro de 2020. O crescimento sobre junho foi de 19% e sobre julho de 2022 chegou a 24%. A questão agora é manter este mercado aquecido, o que preocupa o presidente José Maurício Andreta Júnior.
“Do ponto de vista econômico é muito importante para o País manter o setor aquecido. Por isto a Fenabrave acredita na necessidade de criação de um plano sustentado de recuperação do setor que não seja temporário. E que não envolva perda de arrecadação de impostos mas mecanismos de crédito que permitam ao consumidor readquirir o poder de compra. Estamos finalizando esse estudo e esperamos apresentá-lo ao governo em breve.”
Andreta mencionou a elaboração deste estudo no mês passado, sem entrar nos pormenores. Segundo ele o crédito é um dos principais desafios, mas não o único: o poder de compra do consumidor está deteriorado. O presidente da Fenabrave afirmou que as medidas do governo, aliadas aos descontos adicionais concedidos pelas montadoras e redes, e taxas especiais dos bancos das fabricantes, minimizou estes problemas no curto prazo. A questão agora é desenhar um mecanismo que faça o setor caminhar enquanto a taxa básica de juros permaneça em níveis elevados, ainda que em possível trajetória de redução.
O plano do governo envolveu a liberação de R$ 1,8 bilhão para descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil, a depender do preço, eficiência energética e índice de localização produtivo do veículo. Deste valor R$ 800 milhões foram direcionados ao mercado de leves, já esgotado, e R$ 1 bilhão ficou com caminhões, vans e ônibus. Ainda há dinheiro disponível para os pesados, cujo processo envolve, também a reciclagem de um modelo com vinte anos ou mais de operação.
“Com o aumento das vendas, mesmo com incentivos federais, a arrecadação fiscal também deve ter sido ampliada pelo maior volume de veículos comercializado. Isso vale para o governo federal e mais ainda para os estaduais, que não concederam descontos, e tiveram, portanto, ganho integral na arrecadação do ICMS.”
O acumulado do ano somou 1 milhão 224 mil unidades, avanço de 11,3% sobre o período de janeiro a julho de 2022. E, segundo Andreta, o mercado de leves, que registrou 1 milhão 150 mil licenciamentos, teve o melhor volume desde 2019, um ano antes da pandemia.
No mês passado o mercado de leves somou 215,7 mil unidades, alta de 20% sobre junho e de 27,6% sobre julho do ano passado. “Os veículos flex aspirados de entrada representaram a maioria das vendas, o que mostra que o sucesso das MPs é inquestionável”.