Apesar dos desafios econômicos foco é desenvolver soluções integradas aos clientes
São Paulo – O ano passado foi um divisor de águas para o Banco Mercedes-Benz, fundado 27 anos atrás. Foi o ano do maior valor alcançado pela instituição, R$ 19,4 bilhões em carteira, incremento de 35% na comparação com 2021. Quanto ao volume contratado a partir de novos negócios, R$ 7,5 bilhões, houve avanço de 54% de um ano para o outro. Estimulado pela antecipação de compras frente à mudança da motorização de Euro 5 para Euro 6, em dezembro houve desempenho recorde para o banco, ao captar R$ 1 bilhão, 208% a mais do que um ano antes.
O motivo que, exatamente, ajudou a consolidar 2022 como o melhor da história do Banco Mercedes-Benz é o que tem complicado o cenário este ano. Com incrementos nos preços de 20% a 30% os caminhões Euro 6 lidam com desafio adicional: crédito escasso e caro o que, considerando os valores dos ativos, geram impacto muito maior.
A presidente e CEO do Banco Mercedes-Benz, Hilke Janssen, reconhece que há o desafio do contexto econômico composto por inflação e juros altos e que, conforme afirmou ter lido na imprensa, essa situação não mudará tão cedo:
“Mas é preciso dizer que, enquanto banco de montadora, e considerando que nossos principais clientes são empresas, estamos aqui para apoiar nossos clientes e também nossos negócios, diferentemente dos bancos comerciais. Esse é o nosso diferencial. Agora temos de desenvolver soluções integradas para, justamente, ajudá-los nesses momentos de crise”.
Janssen disse que o Euro 6 é uma nova tecnologia e, como tal, tende a aumentar os preços dos produtos, mas que este é um procedimento normal, assim como ocorreu durante a transição dos motores Euro 4 para o Euro 5.
Marcello Larussa, diretor comercial do banco, disse não acreditar que este seja um ano nem mais fácil nem mais difícil do que o passado: “Quando foi que nós não tivemos momentos difíceis, não é mesmo? Acho que é um ano diferente. Temos de aproveitar bastante a proximidade que temos com os clientes, uma vez que conhecemos tão bem o segmento, e procurar entender quais são suas necessidades”.
Ainda em 2023 viveremos momentos desafiadores, ponderou a presidente, ao lembrar, além da inflação e dos juros altos, a influência das crises no Vale do Silício e de crédito dos bancos suíços, e comparar com situações pouco comuns do ano passado, como a guerra na Ucrânia e a eleição presidencial no Brasil:
“Acredito que os cenários serão parecidos, mas temos de levar em consideração a realidade brasileira com os grandes negócios fazendo a renovação de sua frota. Temos um agro muito forte, o que propulsiona a venda de caminhões. Há, portanto, razões para impulsionar nosso crescimento que deverá ser, provavelmente, muito próximo à realidade que vivenciamos em 2022”.
Janssen assinalou que há a possibilidade de desenvolverem, além de soluções personalizadas para cada setor, considerando os períodos em que têm maior ou menor demanda, campanhas específicas, seja em número de parcelas ou em diferentes taxas.
Desempenho no primeiro trimestre
Embora os resultados dos três primeiros meses de 2023 ainda não tenham sido divulgados Larussa garantiu que o banco está com desempenho melhor tanto frente ao trimestre inicial de 2022 quanto com relação ao número fechado do ano.
Considerando o negócio de caminhões a participação, que em 2021 foi de 23,9%, em 2022 passou a 30%: “O desafio é ter um 2023 tão bom quanto o ano passado”.
Considerando o ano passado inteiro, 49% das vendas financiadas de caminhões no mercado foram feitas pelo banco, porcentual que subiu a 61% no caso de ônibus.
Ele reforçou que mesmo neste ano que se mostra diferente os negócios continuam, pois o agro segue crescendo e há oportunidades em infraestrutura, assim como no consumo: “O mercado está lá. Precisamos entender como nos organizar para nos diferenciar diante dos demais e poder apoiar os clientes neste ano diferente”.
Para Janssen o rápido aumento da inflação e a rápida resposta do Banco Central para elevar a taxa de juros, diferentemente de países europeus em que os bancos centrais demoram mais para ter essas respostas por serem mais cautelosos, inspira uma tendência positiva de recuperação muito mais rápida: “Acredito nos desafios de 2023, mas vamos gerenciá-los assim como em 2022 e conseguir, igualmente, ótimos resultados”.
A expectativa é que as maiores demandas por financiamentos sejam solucionadas com opções do Finame, que utiliza recursos do BNDES, para os clientes de maior porte, e o CDC para os menores. No ano passado, dos R$ 7,5 bilhões em novos negócios, o CDC respondeu por R$ 4,1 bilhões, 11,5% a mais do que em 2021, e quase R$ 3,5 bilhões foram por meio do Finame, que triplicou no ano passado.
Quanto à inadimplência Larussa afirmou que o índice da empresa é uma questão íntima mas observou que estão em linha com o mercado, ao destacar que a maior parte dos casos refere-se a veículos de passeio. Dados do Banco Central mostram que o porcentual de consumidores com parcelas de empréstimo em atraso há mais de noventa dias está em 5,5%, a maior taxa da série histórica. A taxa para financiar um 0KM está em 29% ao ano, igualmente o índice mais elevado.