Estratégia é calcada na manutenção de lançamentos e ampliação de exportação
São Paulo – Nos últimos cinco anos a área de reposição galgou espaço na Eaton e tornou-se uma divisão. Em 2020 foi lançada marca com itens exclusivos para o aftermarket, a EAP, e o foco foi direcionado para novos produtos. Desde 2018 foram lançados 55 projetos sendo que, só este ano, serão quinze – três vezes mais do que no ano passado.
Diante da aposta e do crescimento de dois dígitos por ano, que foi colocado como meta também para 2023, a América do Sul, em que o Brasil responde por 75% do segmento de reposição, passou a ocupar o posto de segundo maior mercado de aftermarket da Eaton no mundo, atrás apenas da América do Norte – leia-se Estados Unidos.
Segundo o diretor geral da unidade de negócios de aftermarket da Eaton na América do Sul, Gustavo Orrú, que assumiu o posto no fim do ano passado, este plano de negócios só é possível porque a companhia possui centro tecnológico de engenharia em Valinhos, SP. Ou seja: a maior parte dos produtos é desenvolvida pela engenharia local.
Orrú afirmou que, com a virada de chave dos últimos anos para estruturar o segmento e focar em lançamentos, atualmente de 10% a 12% das vendas anuais provêm de lançamentos. Somente com as novidades apresentadas durante a Automec, que abriu as portas na terça-feira, 25, e segue até sábado, 29, o executivo projeta incremento de 2% a 3% nas vendas totais.
“O aftermarket não é só um braço, é um dos seis pilares para o crescimento da Eaton. Dentro dele há uma inteligência de mercado e uma gestão de projetos e de negócios focada em lançamentos.”
Este ano, mesmo com as instabilidades no cenário político e econômico, reconheceu, a meta é crescer de novo dois dígitos. E esta será a meta para os próximos anos, apoiada em manter produtos e expandir portfólios. A expectativa para 2023 é a de que os segmentos de agronegócio, caminhões e ônibus gerem a maior parte dos pedidos.
“A área vem crescendo dois dígitos nos últimos três, quatro anos. Pois mesmo na pandemia a Eaton não deixou de investir. Foram milhões de dólares tanto na fábrica como no desenvolvimento dos novos produtos. Isso nos dá suporte para atender ao mercado com produto e tecnologia locais, fortalece nossa base e nos dá segurança. Por isso sofremos menos nesse período.”
De acordo com Fernando Piton, gerente de vendas da Eaton no Brasil, outro plano de negócios é reforçar a linha de remanufaturados que vem no guarda-chuva da linha Ecobox, existente desde 2005. Hoje a marca dispõe de 130 part numbers de embreagens e setenta de transmissões.
Piton contou que peças que contam com logística reversa custam de 15% a 30% menos do que uma nova, a depender do dano que ela apresenta: “Somente no ano passado o volume de negócios remanufaturados triplicou”.
O gerente destacou que o investimento em digitalização também tem contribuído com o crescimento da divisão: “O tempo de resposta da garantia dos produtos, que antes demorava até trinta dias, agora caiu para uma semana, redução de 40%, o que foi permitido pelo portal de garantia”. No segundo semestre, segundo ele, será ofertada ferramenta que está em fase final de desenvolvimento, que é o portal de gerenciamento de créditos.
Vendas no mercado externo
Nos últimos três anos os mercados na América do Sul duplicaram. O plano, em meio à pandemia, também foi diversificar os destinos. Orrú assinalou que há seis anos a Argentina era o maior comprador de itens fabricados no Brasil. De lá para cá os mercados da Colômbia e do Peru têm ganhado representatividade.
“Estamos explorando características de frotas desses países para casar com os nossos produtos de reposição. E a ideia é dar continuidade a esse movimento.”
Três anos atrás as exportações respondiam por 13% da receita do aftermarket da Eaton, porcentual que avançou para 25% em 2022. Para este ano a perspectiva é atingir 30%.