Ao longo do ano linhas de filtro convencionais serão substituídas por tecnologia biodegradável
São Paulo – No ano em que celebra sete décadas de existência a Tecfil, de Guarulhos, SP, tirou do forno projeto que levou dois anos para ficar pronto, desenhado em parceria com a Ahlstrom, empresa finlandesa fornecedora de papéis filtrantes com filial em Louveira, SP: um filtro produzido com material reciclável e biodegradável.
Com a novidade, que reduz em até 20% a emissão de carbono e, ao mesmo tempo, eleva o desempenho, do produto em 15%, em média, a meta da companhia brasileira é continuar o ritmo de crescimento de dois dígitos obtidos nos últimos anos. Considerando que em torno de dois terços do faturamento fabricante provêm do aftermarket, e o setor está em franco crescimento devido ao fato de haver movimento de migração do consumo de 0 KM para seminovos e usados frente aos preços mais elevados e ao crédito caro e escasso, as perspectivas são positivas.
Segundo Plínio Fazol, gerente de marketing e desenvolvimento de novos produtos da Tecfil, a meta interna para este ano é expandir 15% sobre o faturamento do ano passado, que fechou em torno de R$ 1,2 bilhão.
O executivo reconhece que será um desafio manter ritmo de expansão de dois dígitos aos 70 anos de idade e com a liderança do segmento, mas a solução para que 2023 seja melhor do que o ano passado está na inovação e nas oportunidades de mercado – incluídos os externos.
Uma das apostas é que a demanda proveniente dos pesados cresça, principalmente por causa da mudança para o Euro 6, que encarece os caminhões de 20% a 30%, o que eleva a receita. E, por outro lado, em termos de volume, veículos leves deverão seguir respondendo por mais da metade dos pedidos.
Sustentabilidade pelo mesmo custo que produto anterior
Quanto aos novos filtros biodegradáveis o preço foi mantido o mesmo que o do produto anterior porque, de acordo com Fazol, a companhia entende que para que uma tecnologia seja aceita, e o benefício, compartilhado, ela não pode sobretaxar o cliente: “Ou seja: é possível escolher o filtro padrão ou o mais ecologicamente pensado e que ainda dá um ganho no desempenho. Caberá ao usuário decidir”.
Batizada de EcoLigna a linha de filtros sustentáveis originou-se de projeto que propunha criar papel ecológico utilizando resíduo anteriormente queimado e, simplesmente, descartado: “O uso da lignina substitui outra resina que é comprada e demanda muita emissão de carbono para ser produzida”.
A adoção da tecnologia na linha produtiva de Guarulhos, onde trabalham 1,4 mil profissionais, será feita de forma escalonada. Como definiu Fazol, este produto entrará em ondas: “Começamos com os filtros de óleo, posteriormente incluiremos os filtros de ar e, por último, os filtros de cabine”.
Como filtros de óleo representam a maior quantidade da produção os materiais sustentáveis atenderão primeiro ao segmento, em todas as famílias de veículos leves, pesados e motocicletas, em torno de 4 mil veículos. Ainda neste ano os filtros de ar receberão a tecnologia e, até 2024, todos os filtros de cabine. Serão 5,8 mil modelos de veículos, tanto no aftermarket quanto OEM, substituídos pela versão biodegradável.
O investimento no desenvolvimento da tecnologia não foi divulgado. Fazol disse que o aporte do lado da Ahlstrom foi “pesado”, e que coube à Tecfil investir na engenharia do filtro, na parte de pesquisa e validação: “Devido à parceria temos exclusividade deste filtro e só a Tecfil venderá o produto no mundo inteiro, por um período que ainda está sendo discutido”.
A Tecfil possui capacidade industrial produtiva de 10 milhões de filtros por mês, que foi duplicada ao longo da última década e, de acordo com o executivo, a companhia segue fazendo investimentos contínuos na fábrica para que essa capacidade seja crescente, o que poderá elevar a quantidade a 11 milhões ou 12 milhões em 2023.
Mercado externo de filtros em ascensão
Aproximadamente 20% da receita da Tecfil é gerada por exportações. Os filtros da marca, hoje, são distribuídos em sessenta países, sendo trinta diretamente.
“O mercado de exportação está crescendo muito e, consequentemente, a necessidade de novos modelos também, pois as frotas são muito distintas de país para país. Recentemente começamos a fazer negócios com países do Oriente Médio, processo que está em franca expansão.”