Fabricação de sistemas de direção em São José dos Pinhais foi ampliada
São Paulo – Há cerca de dois anos a divisão Steering da thyssenkrupp, dedicada ao desenvolvimento de sistemas de direção, passou a adotar tecnologias envolvendo óculos de realidade virtual, que ganhou capítulo recente. Esta ferramenta passou a ser utilizada na manutenção de máquinas que demandam mão de obra especializada que, muitas vezes, tinha de vir da matriz, na Alemanha.
Pensando em facilitar a ação dos especialistas, agilizar o processo e reduzir custos a tecnologia escolhida transmite ao vivo as informações da fábrica de São José dos Pinhais, PR, e conseguiu elevar a produtividade em 6,5%.
Conrado Gomes, diretor geral da thyssenkrupp Steering para o Brasil, contou que os óculos possuem funções de zoom, o que propicia a realidade aumentada, e de transmissão online dos dados da máquina, ao informar o que ela está produzindo naquele momento, a quantidade de peças e o seu desempenho. E permite, portanto, que ações de manutenção, atualização e otimização sejam feitas à distância.
“É praticamente como se o especialista da matriz estivesse aqui na unidade ao mesmo tempo. Ele enxerga tudo o que as pessoas estão fazendo e consegue dar sugestões sobre como proceder diante da situação. Ganhamos tempo e tivemos redução de custos.”
Pelo processo tradicional uma ação que demandasse a presença urgente do especialista requeriria semanas. Sem falar de agenda, e da dúvida sobre o deslocamento de uma equipe ou de apenas um profissional. E, agora, isto é possível em questão de horas, ou até minutos.
“Com a tecnologia conseguimos agir de forma mais constante nas melhorias de processo das máquinas e, consequentemente, temos melhoria de produtividade, melhor desempenho e menos tempo de máquinas paradas.”
Um dos benefícios palpáveis no dia a dia da produção, a partir da adoção da tecnologia, foi a redução do tempo de ciclo, exemplificou Gomes. Um processo que demandaria muito mais tempo para ser implantado agora é feito de forma mais rápida: “Conseguimos reduzir de 30 para 28 segundos o tempo do ciclo de uma máquina específica. Parece pouco, mas para nós esses 2 segundos representam muita coisa”.
Diante deste ganho a produtividade foi aumentada em 6,5% com o uso dos óculos de realidade virtual. Ou seja: na prática mais peças são produzidas por hora. Além da diminuição nas paradas de linha por causa da menor incidência de manutenções não planejadas.
Tecnologia ajuda a equilibrar produção em tempos de crise
Sobre o impacto que a adoção da tecnologia exerce no faturamento o diretor geral da thyssenkrupp Steering disse que ajuda no melhor desempenho, mas que o impacto mais significativo está relacionado às demandas das montadoras.
Ou seja: embora a empresa venha se preparando desde a pandemia para otimizar seus processos o volume de pedidos das fabricantes de veículos é decisivo. Gomes assinalou que as encomendas, de fato, deram uma esfriada, e que o problema dos semicondutores ainda existe, porém devido justamente à digitalização dos processos o baque é menor.
“Como temos muitas ferramentas da indústria 4.0 na nossa fábrica ganhamos flexibilidade e nos ajustamos melhor às variações de demanda no curto prazo”, afirmou, ao citar que o tempo de set up é reduzido. Ou seja: sempre que há algum problema no processo de produção é preciso desligar a máquina, consertá-la, reiniciar o processo. Só que com o uso dessas tecnologias este tempo é menor, e se for necessário adaptar o equipamento para passar a produzir outro item isso é feito rapidamente.
O executivo exemplificou: se uma montadora reduz seu pedido de colunas de direção mecânica em 20% e outra empresa eleva em 10% a encomenda de colunas de direção elétrica a adaptação é bem mais rápida, sendo que antes esse processo demoraria horas.
Retrabalho diminui e nível de defeito beira o zero
Outro benefício destacado pela adoção da digitalização é que, como atualmente a tecnologia é que faz controle online das máquinas, elas tornam-se capazes de identificar quando há defeito e, se por causa dele, a peça precisa ser sucateada ou se será separada para retrabalho. No caso da primeira opção o próprio equipamento destrói o item.
“Como a peça é alocada na interface do volante, se por qualquer motivo, por engano ou má-fé, alguém pegá-la na caixa e enviá-la para a montadora, a fabricante não conseguirá montar o carro. Como produzimos itens de segurança nós levamos isto tudo muito a sério. E cada vez que adotamos algo a mais na indústria 4.0 mais robusto o processo fica e menos retrabalho se tem.”
Hoje em São José dos Pinhais o operador fica mais encarregado das funções de transporte de peças, controle das máquinas e inspeção final. Como todo o processo de fabricação está a cargo dos equipamentos o nível de defeito beira a zero, assegurou o executivo.
Gomes destacou que a unidade completou 25 anos no Brasil e que, ao longo desta jornada, muitas crises foram atravessadas, o que não diminuiu o ritmo de investimentos, sempre programados para o longo prazo. E que o mesmo se aplica na atual conjuntura.
“Flutuações no mercado são normais e isso não tem freado investimentos. Até adquirimos máquinas novas, que chegarão no meio do ano.”
De acordo com ele a divisão está ampliando seu volume de colunas de direção elétrica para automóveis e comerciais leves e não descarta contratações para expandir sua equipe de oitenta funcionários.
Para este ano ele prefere não palpitar sobre o resultado, que dependerá de como o mercado se comportará no segundo semestre. Mas, para os próximos anos, projeta “crescimento robusto”, sem arriscar porcentuais. Os valores dos investimentos não foram divulgados.