Resende, RJ – O novo edital do programa do governo federal Caminho da Escola está prestes a ser divulgado. Aguardado para o mês que vem, passou por audiência pública para melhorar as especificações técnicas dos produtos e para adequar as condições da licitação à realidade do mercado. Também foi definido o número de ônibus a serem adquiridos: 11,4 mil.
Deste volume a Volkswagen Caminhões e Ônibus está de olho em parcela de 60% a 70%, mesmo porcentual conquistado na edição anterior, o que representaria de 6,8 mil a 8 mil unidades.
Embora a entrega deva ser concluída até meados do ano que vem, de 4,5 mil a 5 mil pedidos devem ser recebidos pelas fabricantes escolhidas ainda este ano, estimou Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Animado com os números e com as perspectivas Alouche sinalizou que a intenção é chamar de volta os 290 funcionários que entraram em lay-off em 2 de maio pelo período de noventa dias, renovável por mais noventa dias caso haja necessidade.
“Em um primeiro momento eles ficarão em casa por noventa dias mesmo. Mas, se conseguirmos vencer o edital, dependendo da quantidade, podemos chamá-los antes.”
A medida foi adotada para reduzir o volume de produção diante da baixa demanda gerada pela mudança de tecnologia de motorização Euro 6, principalmente por parte de caminhões.
“Agora começarão as negociações de ônibus, que estavam paradas. Ao mesmo tempo em que o mercado de caminhões deu uma certa esfriada e o volume se reduziu. Então, para a produção, um está compensando o outro.”
O executivo contou que a operação está funcionando em dois turnos, mas em velocidade mais reduzida. Segundo ele as encarroçadoras asseguraram que em sessenta dias conseguem dar conta da demanda.
O único senão da equação são os fornecedores de componentes que não têm acesso às ferramentas de flexibilização de emprego e que eventualmente tiveram que demitir diante da diminuição de pedidos. Com a reação do segmento será preciso recompor o quadro de funcionários, mas não se sabe a que velocidade isso ocorrerá.
Perspectiva é de aumento de 10% sobre projeção da Anfavea
Projeção da Anfavea aponta para 16 mil ônibus comercializados em 2023, 1,4 mil a menos do que no ano passado. Porém, frente à expectativa de a licitação do Caminho da Escola sair em junho, Alouche acredita que o mercado poderá se recuperar e ficar em torno de 10% acima de 2022. Isto seria obtido apenas com as encomendas geradas pelo programa, ou seja, com o acréscimo das 4,5 mil a 5 mil unidades previstas ainda para este ano.
No ano passado, dos 17,4 mil emplacamentos, 33% ou 5,7 mil, foram encomendas para levar à escola crianças que moram em áreas rurais e de difícil acesso. Considerando que nos dois últimos chamamentos públicos o volume foi cerca de 7 mil unidades, a quantidade esperada para 2023, de fato, trará impacto significativo ao setor, uma vez que a quantidade a ser licitada tende a ser recorde.
Dados do FNDE, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, apontam que desde 2008, quando ocorreram as primeiras entregas do Caminho da Escola, até 2022, 65,6 mil veículos foram adquiridos pelo governo.
Deste total 27 mil unidades tinham chassi da Volkswagen Caminhões e Ônibus, ou seja, em torno de 40% do total. Dos 175 mil ônibus que saíram da linha de produção da fábrica de Resende, RJ, que este ano completou trinta anos, 15,4% foram para o programa.