São Paulo – Ainda que a indústria e o governo estejam em discussões para traçar o caminho para uma certa neoindustralização, como vêm chamando o processo de reindustrialização do Brasil, estabelecido em pilares como descarbonização e transformação digital, no curto prazo dois fatores precisam de um novo rumo. E não são reclamações novas: a elevada taxa de juros, hoje em 13,75% ao ano, e a alta carga tributária.
Ambos os temas foram levantados no evento que celebrou o Dia da Indústria, na quinta-feira, 25, na sede da Fiesp, Federação da Indústria do Estado de São Paulo. Para o anfitrião do evento, Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, “a sociedade brasileira precisa abraçar a indústria”. Na sua opinião será o setor industrial o responsável pela reconstrução da classe média brasileira, uma das faixas da população mais afetada pela crise econômica que perdura há anos.
“Este regime de juros é concentrador de renda. Precisamos pensar no social, na redistribuição da renda.”
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também bateu mais uma vez nos juros, que disse serem uma “excrescência” no nível atual.
Outro tema de interesse dos industriais é a reforma tributária: com a aprovação do arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados entra no foco prioritário do governo – o desejo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é aprová-la ainda neste primeiro semestre. Bernardo Appy, secretário extraordinário da reforma tributária no Ministério da Fazenda, afirmou que o projeto beneficiará a indústria, embora não seja este o objetivo.
“A reforma é para todos os setores, mas acaba sendo positivo para a indústria de transformação porque é o setor mais tributado. É onerado pelos tributos e pela alta complexidade do sistema tributário brasileiro.”
Segundo Appy a reforma tributária não fará nenhuma revolução e apenas atualizará o sistema atual, altamente ineficiente e burocrático, para um mais simples, compatível com o de outros países, com base no Imposto de Valor Agregado. Os cálculos da equipe que desenha a reforma indicam que o impacto no PIB chegará de 10 a 20 pontos porcentuais em dez a vinte anos.