Tatuí, SP – Daniel Justo, presidente da Ford América do Sul, foi taxativo ao falar da nova geração da picape Ranger: “Não medimos esforços para fazer o melhor produto”. Embora a Ford não produza mais veículos no Brasil desde que decidiu, em 2021, fechar todas as suas fábricas aqui, a engenharia da empresa sediada no País teve participação de peso no desenvolvimento do projeto.
O desenvolvimento global da picape, a segunda mais vendida do mundo, em mais de 180 países, foi liderado pela equipe da Austrália, onde está uma das seis fábricas que produzem a Ranger, localizadas também na Europa, Ásia, e América do Sul, na vizinha Argentina. Mas o novo veículo deu bastante trabalho à subsidiária brasileira da Ford.
“Foi o mais completo e severo programa de validação de um veículo que já executamos aqui nos últimos doze anos”, revela Gilmar de Paula, engenheiro-chefe da Ford América do Sul. Segundo ele o projeto da nova Ranger começou a ser tocado em 2018 e desde 2019 a engenharia no Brasil embarcou de cabeça no programa que envolveu extensas simulações no Campo de Provas de Tatuí, SP, e testes de rodagem real que percorreram 1,2 milhão de quilômetros – 650 mil deles em ambiente fora-de-estrada – passando por 23 estados brasileiros e seis províncias argentinas.
Graças às intervenções da engenharia brasileira a nova Ranger incorporou algumas novidades importantes, como a adoção, pela primeira vez, nas duas versões topo de linha da picape, do motor Lion turbodiesel V6 3.0 de 250 cv, produzido na Inglaterra, acoplado ao novo câmbio automático de dez marchas, fabricado nos Estados Unidos, o mesmo já utilizado pelo Mustang.
De Paula contou que é “um desejo do consumidor brasileiro de picapes ter um veículo com mais potência e torque, além de luxo e conforto de um SUV, por isto acrescentamos muitas propostas que foram incorporadas ao produto, inclusive no acerto da suspensão”.
Investimento e fornecedores locais
A subsidiária brasileira também desenvolveu perto de sessenta fornecedores locais, a maioria deles no Brasil, para produzir a Ranger na Argentina – que exporta 70% da produção, a maioria para o mercado brasileiro, onde a nova picape começou a ser vendida na quinta-feira, 22.
A fábrica de Pacheco, Argentina, recebeu investimento de US$ 660 milhões para produzir a nova geração da picape, segundo Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul:
“Foi tudo modificado, introduzimos processos de produção digitalizados da indústria 4.0, com instalação de mais de 1 mil sensores, câmaras e robôs inteligentes. Só com a modernização do processo produtivo conseguiríamos entregar um produto de alta qualidade como a nova Ranger, que vem redefinir conceitos no segmento de picapes, trazendo para nós um avanço significativo de competitividade”.
Golfarb confirmou que alguns equipamentos foram aproveitados da fábrica de Camaçari, BA, fechada há quase dois anos: “Transferimos poucas coisas para a Argentina, porque quase toda a planta de Pacheco foi reformulada com maquinário novo”.