São Paulo – Ao menos quatro fornecedores de peças e componentes para máquinas agrícolas e de construção estão com suas operações paradas no Rio Grande do Sul, consequência das fortes chuvas que afetaram o Estado. Ao menos é o que Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, diz ter de informações concretas: é possível que outros também estejam parados, mas a entidade não conseguiu contato para saber da real situação.
O sinal de alerta está ligado para toda a indústria automotiva, pois de acordo com dados da Anfavea 5% de todas as compras de peças e componentes são realizadas com fornecedores gaúchos. Em algumas fabricantes o porcentual chega a 11%. Algumas montadoras já estão sofrendo com os efeitos da crise no Rio Grande, como a Volkswagen, que protocolou pedido de férias coletivas em duas fábricas e foi atrás de fornecedores no Exterior para reduzir o tempo de parada.
O estado de calamidade na região dificulta a troca de informações, segundo o presidente, porque a situação vai muito além da indústria automotiva. Ele disse entender que existem outras questões mais importantes para serem resolvidas, como a própria condição de vida da população local. Por isso a postura da Anfavea é de recuar e aguardar novidades, ainda que as informações não cheguem na velocidade que Lima Leite gostaria:
“Sabemos desses quatro que tiveram suas fábricas alagadas, mas existem outras empresas com dificuldades e por questões logísticas não conseguem escoar sua produção. Também existem empresas que estão com a fábrica em ordem, mas não conseguem produzir porque a sua cadeia de fornecimento foi afetada pela chuva”.
A fábrica da AGCO, em Canoas, RS, está parada há duas semanas. A cidade foi uma das que mais sofreram com os alagamentos, mas a unidade da empresa não foi tão atingida, ainda que esteja com algumas áreas alagadas. Segundo Ana Helena Andrade, vice-presidente da Anfavea e diretora da companhia, os equipamentos não foram danificados:
“Precisamos esperar a água baixar para limpar tudo e solicitar a religação da energia para avaliar de perto o impacto do desastre. Acredito que ainda demorará algumas semanas, pois até a sexta-feira ainda chovia na região”.
O Estado do Rio Grande do Sul representa 7,5% das vendas nacionais de máquinas agrícolas e de construção e o mercado está praticamente parado em maio. O presidente da Anfavea afirmou que a situação na região ainda é muito nebulosa e que, por isto, as informações concretas são escassas e é difícil prever qual o tamanho do prejuízo na produção de máquinas e veículos.