Fabricante vem ganhando participação no segmento Não fosse pelo desempenho baixo de pesados devido ao Euro 6, alta seria de até 10%.
Itatiba, SP – A aposta da BorgWarner nos turbocompressores tem sido um divisor de águas na produção da companhia no Brasil, que a despeito do lento caminhar do setor automotivo em 2023 tem surfado onda da tendência dos motores com turbo que, ao que tudo indica, veio para ficar.
Tanto que em meio às dificuldades de acesso ao crédito, juros altos e de uma população que sofre com o impacto da crise e com menor poder de compra, a empresa vem ganhando participação de mercado e projeta, para este ano, crescimento de 6%.
Não fosse pela dificuldade dos pesados em engrenar o motor Euro 6 devido ao seu custo, somado às dificuldades da economia, Wílson Lentini, diretor geral para emissões, turbos e sistemas térmicos da BorgWarner no Brasil, arriscou dizer que a expansão seria de até 10%.
Como plano de negócios em cenário em que as vendas têm andado de lado as montadoras seguem realizando lançamentos e, a fim de diferenciar suas novas versões, muitas delas trazem o motor turbo. Isto, na avaliação do executivo, protege mais a fabricante de variações econômicas, crises e soluços.
Disposta a equipar gama cada vez maior de veículos de passageiros apenas este ano a BorgWarner ganhou em torno de 10% de fatia de mercado e, até agora, conta com 60%. Considerando os pesados este porcentual é de 70%. Lentini atribuiu este avanço justamente aos lançamentos, ao citar que, em 2023, a marca equipa o Fiat Strada, o Volkswagen Polo e o Peugeot 208.
“Hoje somos o maior provedor de turbos do mercado. Temos toda a linha Stellantis mais uma linha da Volkswagen, e a nossa entrada nessas empresas vem promovendo ganho de fatia de mercado.”
Lentini lembrou que a BorgWarner começou com o Volkswagen up! anos atrás: “Nosso turbo ganhou projeção conforme ingressamos em outros veículos. Por exemplo: fomos escolhidos pela Fiat para equipar, além do Strada, o Fastback, nas duas motorizações, 1.3 e 1.0, e também entramos no Jeep Compass, com o motor 2.3, o Renegade. No caso da Volkswagen todos os motores 1.0 carregam nosso turbo, Nivus, Virtus, Polo. E isto nos trouxe volume”.
Para o diretor geral Wílson Lentini o motor turbo é tendência que veio para ficar. Crédito: Divulgação.
Turbo é o principal produto da fabricante no Brasil
O turbocompressor é hoje o carro-chefe da BorgWarner no Brasil, respondendo por 65% a 70% do faturamento. Faturamento este que dobrou nos últimos cinco anos, o que colocou o Brasil em posição diferente aos olhos da matriz, apesar de o mercado brasileiro ser considerado pequeno com relação ao europeu e ao estadunidense mas, ainda assim, permitiu expandir a operação local.
Na planta de Itatiba, SP, são produzidos também itens de gerenciamento térmico, como embreagens viscosas e ventiladores, sistemas de sincronismo do motor e correntes de sincronismo. E em Piracicaba, SP, há a recém-inaugurada fábrica de baterias, desde fevereiro.
O turbocompressor, conforme o diretor da BorgWarner, potencializa o comburente. O oxigênio comprimido é jogado dentro da câmara de pistão o que faz com que aumente a otimização da queima.
“O turbo aumenta a potência e minimiza o gasto. É natural que seja uma tendência que veio para ficar. Um motor 1.3 turbo é igual um motor 2.0, só que com uma diferença de desempenho gigantesca, com consumo menor, com mais de 30% de economia, e uma grande descarbonização”.
Planta de Itatiba produz, anualmente, em torno de 500 mil turbos, e fornece para 50% dos motores turbo flex no Brasil. Crédito: Divulgação.
BorgWarner tem planos de localizar mais, mas esbarra na falta de escala
A empresa, que hoje possui 30% de nacionalização neste produto, pretende ampliar a base de fornecedores locais como uma questão estratégica. Lentini ponderou, no entanto, que há percalços devido ao tamanho das empresas e também ao alcance de tecnologia, o que não permite ganhar escala.
“É difícil encontrar fornecedor robusto para forjado fundido em alumínio, por exemplo. A competitividade local ainda é uma barreira. Carecemos de volume para ficarmos mais competitivos aqui. E também de alguns incentivos do governo para ajudar a cadeia.”
A nacionalização cresceu um pouco este ano, admitiu o diretor da BorgWarner, sem dar números, mas não como a empresa gostaria, complementou. O mercado, segundo ele, tem começado a reagir para movimentos de localização, a demonstrar mais competitividade.
“E vemos o Brasil como polo de produção de motor a combustão. A Europa vai toda para a eletrificação. E aí, sim, vemos que haverá escala para localizar mais. Acredito que isso ocorrerá nos próximos dois a cinco anos. Mas o Brasil não pode perder a vez: precisamos estar preparados e ser mais competitivos. O que depende também do governo, de regras claras sobre qual caminho seguir. Temos também de ficar de olho na Índia e no México.”