Goiânia, GO – Depois de desenvolver e engavetar o projeto de um motor 100% a etanol, à espera de um momento oportuno para relançar esta alternativa no Brasil, executivos da Stellantis avaliam que a janela de mercado está se abrindo para lançar um carro movido puramente a etanol, mas de alta eficiência energética.
Ao mesmo tempo a empresa já está com os primeiros protótipos de seu powertrain híbrido flex, prontos para testes de campo e com lançamento comercial previsto “para breve”, segundo Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul, que decretou: “Temos muitas opções para reduzir as emissões de carbono no Brasil e pretendemos utilizar todas elas”.
Para o executivo o País tem amplas alternativas para baixar rapidamente as emissões de CO2 dos veículos por meio da combinação de seus biocombustíveis com a eletrificação, mas precisa acreditar nas alternativas que têm e incentivá-las: “No Exterior esta vantagem brasileira única no mundo é muito bem reconhecida mas aqui parece que os brasileiros desmerecem as imensas alternativas que só existem aqui”, alfinetou, em alusão a recentes críticas publicadas na imprensa de que o etanol estaria atrasando a eletrificação e o progresso tecnológico do País.
Filosa, que na quinta-feira, 19, participou da inauguração de uma concessionária de picapes Ram em Goiânia, GO, avaliou que atualmente existem condições de mercado para lançar um carro com motor exclusivo a etanol: “Estamos agora estudando desengavetar este projeto”.
Em 2019, quando anunciou investimento de R$ 500 milhões para estabelecer em Betim, MG, uma nova fábrica de motores turboflex, bicombustível etanol-gasolina, a então FCA – antes da fusão com a PSA que originou a Stellantis – divulgou que estava desenvolvendo o E4, um motor turbinado movido só a etanol, com patente registrada no Brasil, baixando a diferença de consumo a favor da gasolina.
Sem mercado imediato o projeto foi colocado na prateleira para ser usado quando houvesse mais estímulos a esta alternativa, o que é esperado acontecer agora na próxima fase do programa Rota 2030, de 2023 a 2027, que impõe metas mais severas de descarbonização aos veículos vendidos no País, com estímulos ao uso de biocombustíveis.
E os modelos híbridos flex chegam quando? “Logo, muito logo”, limitou-se a responder Filosa, mas confirmando que o projeto está adiantado, em fase de testes, e que os primeiro protótipos serão divulgados ao público pela primeira vez até o fim deste mês. Portanto é provável que cheguem ao mercado no ano que vem.