Nova picape nem chegou às concessionárias ainda e já soma mais de 5 mil pedidos na fila de espera
Goiânia, GO – Com encomendas abertas há apenas um mês, e ainda sem um único exemplar em exposição nas concessionárias, a Ram Rampage só chega às revendas e começa a ser entregue aos primeiros clientes em meados de agosto. Mas é um sucesso instantâneo: a picape acumula mais de 5 mil pedidos em carteira, número bastante acima das expectativas, afirmou Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul: “Por causa desta demanda já aumentamos o ritmo de produção em Pernambuco”.
O executivo, que na quinta-feira, 19, compareceu à inauguração de uma concessionária do Grupo Saga exclusiva de picapes Ram em Goiânia, GO, confirmou que já foram feitos alguns ajustes na fábrica de Goiana, PE, com introdução de novas estações de trabalho, para aumentar de 10% a 15% o volume de produção da Rampage, iniciada no começo de junho com visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à unidade.
Primeira Ram projetada e produzida fora dos Estados Unidos a Rampage é fabricada na mesma linha e sobre a mesma plataforma dos outros quatro modelos montados pela Stellantis na planta pernambucana, os SUVs Jeep Renegade, Compass e Commander e a picape Fiat Toro.
Segundo Filosa os planos da companhia para produzir uma picape Ram em Goiana começaram a ser traçados há cerca de cinco anos, encaixando o novo modelo no programa de investimento de R$ 16 bilhões que a Stellantis aplica no Brasil no período 2018-2025: “Depois da Rampage já gastamos quase tudo e teremos de planejar novos recursos a partir do ano que vem”.
“Hobby” meteórico
Em tom jocoso Filosa contou que começou a planejar a ampliação da linha Ram no Brasil “porque quatro marcas davam muito trabalho e precisava de um hobby”, ri, lembrando do que era a marca de picapes no Brasil quando foi consolidada a fusão dos grupos FCA e PSA que criou a Stellantis, em janeiro de 2021.
Até o fim de 2020, e por muito tempo antes, a Ram tinha um único produto no mercado brasileiro, a enorme caminhonete diesel 2500, importada do México, com volumes anuais de vendas insignificantes, um quase hobby para excêntricos, e espaço compartilhado em poucas concessionárias do antigo Grupo Chrysler, que também vendiam carros das marcas Jeep e Dodge.
Logo após a fusão, em 2021, chegou a segunda picape, a 1500, oferecida apenas com motor a gasolina e posicionada no mercado premium acima dos modelos médios vendidos no País. Um ano depois começou a importação da 3500, com tamanho de caminhão combinado a preço e sofisticação de carro de luxo.
Com apenas estes três modelos e preço médio de venda de R$ 430 mil as vendas cresceram com velocidade meteórica. O resultado mais recente, do primeiro semestre deste ano, mostra expansão de 336% sobre o mesmo período de 2022, o maior crescimento dentre as cinco marcas da Stellantis no Brasil. Até 19 de julho os emplacamentos passaram de 5 mil unidades, o mesmo volume vendido no passado inteiro.
E tudo isto antes do início dos emplacamentos da Rampage, produto de maior volume da marca, com preços de lançamento que vão de R$ 240 mil a R$ 270 mil, que só com suas 5 mil encomendas já garante à Ram, no mínimo, o dobro das vendas de 2022 e uma liderança que deverá ser folgada no segmento de veículos premium no País.
Pormenor importante: metade das encomendas da Rampage até agora são da versão R/T, a mais cara e equipada unicamente com motor 2.0 turbo a gasolina de 272 cv, que só deve começar a ser produzida no fim deste mês para chegar às mãos dos clientes em setembro ou outubro.
Concessionária exclusiva para vender picapes Ram: modelo único no mundo.
Plano certeiro
Filosa relatou que o plano para fazer a Ram crescer de forma tão acelerada no Brasil “nasceu da observação de quanto o agronegócio representava no PIB brasileiro e da percepção que faltava a este cliente um produto premium” para o meio ambiente misto rural e urbano onde vive.
Observações e percepções se mostraram certeiras para o presidente da Stellantis América do Sul: “Associamos o agronegócio, que é o motor do PIB brasileiro, com uma marca de prestígio, que é a Ram”.
Filosa acrescentou ainda que, exatamente por causa desta reputação já formada, que se alia facilmente com a ostentação de clientes que têm muito caixa para gastar, a Ram precisou de pouco tempo para estabelecer no mercado como produto confiável de alto padrão, mais rápido até do que a Toyota, que há anos domina as vendas de picapes médias no mercado brasileiro com a sua Hilux.
Com a chegada da Rampage e a rápida expansão das vendas as picapes Ram já são oferecidos em setenta concessionárias mistas no País, que também vendem veículos Jeep, mas este número deve saltar para 126 casas até o fim deste ano, sendo que sete delas exclusivas para vender os quatro modelos da marca – algo que só existe no Brasil, pois nos Estados Unidos e outros países as Ram dividem espaço com outras marcas do antigo Grupo Chrysler, comprado pela Fiat em 2010 e consolidado na FCA a partir de 2014.
Graças ao crescimento meteórico a Ram inaugurou no Brasil um modelo único de distribuição e manutenção, as Ram House, espaçosas e luxuosas concessionárias para vender as picapes nos principais pontos onde elas são mais desejadas.
Ram House em Goiânia: investimento de R$ 15 milhões.
Concessionárias de luxo
A primeira Ram House foi aberta, em maio passado, em Alphaville, subúrbio rico da Região Metropolitana da Grande São Paulo, e a segunda foi inaugurada ontem em Goiânia, espécie de capital do agronegócio brasileiro por onde trafega boa parte do turbinado PIB do setor, onde a Ram é a marca premium mais vendida. A terceira Ram House já está programada para abrir em Florianópolis, SC.
Sérgio Maia, presidente do Grupo Saga, afirma que investiu R$ 15 milhões para abrir a Ram House, com retorno garantido: “A participação das vendas de picapes [médias e grandes] em Goiânia é o dobro da média nacional. Quando no País esta média é de 6%, aqui são 12%”.
Maia é o maior revendedor Ram, com cerca de 11% das vendas da marca no Brasil, e avaliou que há espaço para crescer bem mais com a chegada da Rampage: “Todo o crescimento até agora foi com as picapes grandes que têm grande demanda aqui mas pelo valor alto há um certo limite. Agora temos um produto de volumes muito maiores”.
O concessionário também observou que a Rampage já apresenta desempenho fora da curva esperada: “Normalmente quando temos esses pré-lançamentos há grande interesse de clientes assim que o veículo é apresentado. Depois as encomendas caem de ritmo para voltar a crescer só quando o modelo chega à concessionária. Com a Rampage isto não acontece: as vendas continuam aquecidas um mês depois da apresentação, vendemos de três a quatro por dia”.