São Paulo – Os híbridos flex Volkswagen estão chegando no médio prazo. Alexander Seitz, chairman da Volkswagen América Latina, evitou falar em datas mas admitiu que o processo de nacionalização do sistema que equipará os carros já está em curso. Será, portanto, produzido localmente, a exemplo do projeto de sua concorrente Stellantis.
O executivo afirmou, no ano passado, que há um projeto de produção de um veículo híbrido flex de entrada, que é desenvolvido em parceria com a VW Índia e com a Skoda.
Seitz disse que não há grandes dificuldades em encontrar soluções nacionais para o sistema. O motor com sistema flex já é produzido por aqui – no caso da Volkswagen em São Carlos, SP. As baterias ja são montadas pelo Grupo Moura e equipam, inclusive, caminhões elétricos Volkswagen produzidos em Resende, RJ, então surgem como fortes candidatas a participar do projeto. E para motores elétricos e outros subcomponentes também existem projetos locais.
“Produzir o motor híbrido no Brasil é mais fácil do que localizar o câmbio automático”, afirmou o executivo a jornalistas pouco antes da cerimônia The One, que premiou os melhores fornecedores Volkswagen após ausência de onze anos. No caso das transmissões, disse Seitz, a dificuldade está na dificuldade de encontrar escala para que financeiramente o processo faça sentido: “Conheci fábricas enormes de câmbio automático no Japão e na China. Fica difícil competir com eles, que produzem milhões de unidades por ano”.
O chairman vê uma possível solução para o caso com uma linha de montagem final do componente localizada. Há estudos para algo do tipo em Córdoba, Argentina, onde a Volkswagen produz transmissões manuais para exportação, inclusive para a Europa.
No mais a nacionalização de peças e componentes está nos planos da companhia, que criou um conselho de fornecedores composto por doze empresas, no qual debatem temas como localização de componentes, desenvolvimento do mercado, regulamentações etc. Estas empresas não são fixas: de tempos em tempos são promovidas rotações.
Além do já citado sistema híbrido flex, que Seitz vê com possibilidade de vida longa no mercado brasileiro, estão na pauta a produção local de diversos componentes eletrônicos e aços especiais, que hoje não são encontrados em fornecedores locais.
Em paralelo a Volkswagen SAM, região que engloba o Brasil, inicia com fornecedores o processo de neutralização das emissões em suas operações. Segundo Seitz as grandes empresas, com sede no Exterior, já possuem seus programas net zero, mas boa parte das locais ainda precisa avançar. “Estamos organizando workshops para abordar questões ambientais e de compliance. A Volkswagen pretende ser carbono zero em 2050: ainda tem algum tempo, mas precisamos começar a fazer o trabalho agora”.
Este ano, segundo Seitz, a Volkswagen investirá mais de R$ 10 bilhões em compras. Se o valor será superior, ou inferior, ao de 2022, “só o mercado dirá”, afirmou.