Grupo Gandini completa trinta anos de importação de carros da marca coreana
Itú, SP – Ao alcançar, este mês, a marca de 450 mil veículos Kia vendidos no Brasil em trinta anos de importações, o Grupo Gandini, importador oficial desde 1992, espera retomar o crescimento das vendas com a normalização das entregas da matriz coreana, que desde 2021 tem problemas de produção com falta de semicondutores e acumula milhares de pedidos a entregar ao representante brasileiro.
Com a esperada normalização das entregas a Kia faz planos para ampliar o portfólio de seus veículos híbridos e elétricos no País e já planeja, inclusive, o lançamento de um modelo 1.0 híbrido flex para 2025.
Segundo o presidente do grupo, José Luiz Gandini, alguns concessionários têm filas de trezentos carros para entregar. Com isto as vendas da Kia no Brasil vêm passando por declínio acentuado. Os emplacamentos mal passaram das 5 mil unidades em 2021 e 2022 e caminham no mesmo ritmo este ano.
Gandini lamenta, pois com o atual nível de impostos e câmbio ele calcula que seria possível vender cerca de 20 mil veículos por ano: “Só voltaremos a crescer quando as entregas forem normalizadas e tivermos produtos para entregar. Tenho vários pedidos já pagos na Coreia que não chegam. Ao menos a Kia prometeu que a partir de agora as entregas serão feitas”.
Eletrificação para imposto menor
Os produtos faltaram justamente no momento em que a Kia traçou plano, há dois anos, para ter só modelos eletrificados no portfólio brasileiro e assim pagar o menor imposto de importação de toda sua história de trinta anos no País. Isto porque quase todos os carros da marca vendidos hoje no mercado brasileiro são modelos híbridos, como Stonic e Sportage MHEV e o Niro HEV, que pagam alíquota reduzida de 4% ou 2% – contra os 35% aplicados a veículos só com motor a combustão.
Segundo Gandini a Kia, contudo não entregou todos os pedidos e assim, até agora, foi possível aproveitar só parcialmente o potencial da tarifa reduzida. Até o momento também não foi aproveitada a isenção do imposto de importação para carros 100% elétricos, pois só este mês chega o primeiro lote do EV6, primeiro Kia a bateria a ser vendido no País – também estão nos planos o EV9 e o Niro EV, que já foram embarcados e estão a caminho para homologação no Brasil.
Como o governo promete em breve voltar a tarifar veículos elétricos e aumentar as alíquotas dos híbridos Gandini teme perder esta janela de oportunidade para retomar o vigor dos negócios: “Ainda não sabemos quando volta nem de quanto será o imposto, esperamos que seja gradual”.
Gandini faz planos e pretende aproveitar os possíveis benefícios que serão aplicados a modelos eletrificados com motor bicombustível etanol-gasolina: “Em 2025 lançaremos um modelo 1.0 híbrido flex”, anunciou, sem revelar mais informações.
Ainda na onda da descarbonização o importador anunciou que, a partir deste mês até o fim de 2023, compensará as emissões de todos os Niro híbridos que forem vendidos no período, a começar pelo modelo entregue na semana passada que simbolizou a marca de 450 mil Kia vendidos no País.
Com volumes que hoje não chegam a um décimo do pico histórico de quase 81 mil veículos Kia vendidos aqui, em 2011, Gandini afirma que como importador aprendeu a viver com resiliência aos muitos altos e baixos do mercado brasileiro: “Já passamos por muitas altas do dólar, pelo regime de cotas [do Inovar-Auto] e por sobretaxações de importações, mas sempre reagimos às crises e nunca esmorecemos”.