São José dos Pinhais, PR — A Renault está desenvolvendo o seu sistema híbrido flex, que no futuro equipará modelos produzidos no Brasil. O presidente Ricardo Gondo disse que a tecnologia, que combina um motor elétrico com outro a combustão interna flexfuel, será adotada no que a empresa acredita ser um processo de transição para o 100% elétrico.
“Sim: nós teremos e já estamos trabalhando em um motor híbrido flex”, afirmou o executivo em entrevista coletiva na fábrica de São José dos Pinhais. “O elétrico é o futuro, mas ainda teremos um prazo para a transição.”
Gondo acredita que esta transição será longa: segundo ele a eletrificação na Europa teve início em 2010 e este processo estará totalmente concluído apenas em 2035. Seguindo esta lógica por aqui, portanto, há oportunidade para ocupar o mercado por mais 20, 25 anos com a transição, na sua avaliação, a partir da produção do primeiro híbrido nacional: “Metade das vendas globais, em 2050, será de veículos térmicos”.
Tanto que a Renault apostou na criação da Horse, sua divisão dedicada aos motores a combustão, híbridos e transmissões. As fábricas de motores e de injeção de alumínio no Complexo do Ayrton Senna integram a nova divisão. Portanto, de alguma forma sua engenharia participa do desenvolvimento da tecnologia híbrido flex.
A fábrica de veículos de passeio no Paraná opera, atualmente, em turno único, enquanto espera pela retomada do mercado. Para o presidente da Renault do Brasil o programa de descontos do governo foi importante, ajudou a desenvolver as vendas no curto prazo, mas será impossível a manutenção dos preços no patamar em que estavam: “Perderíamos dinheiro com isto e não é a nossa intenção”.
Para ele é preciso que a população retome a confiança e consiga voltar a acessar os financiamentos para que, enfim, o mercado volte a crescer.
“O mercado brasileiro está muito abaixo de seu potencial. Chegamos a 3,6 milhões de unidades de leves há pouco mais de dez anos e agora estamos estagnados nas 2 milhões de unidades. O brasileiro ainda quer comprar carro, mas não tem a confiança para fazer isso agora.”