Vendas para o país seguram queda mais intensa de embarques brasileiros
São Paulo – O México tornou-se o principal parceiro comercial do setor automotivo brasileiro em julho, desbancando a Argentina no acumulado de 2023. No mês passado o Brasil pegou carona no crescimento de 33% do mercado interno mexicano e expandiu suas exportações para o país em 142%, segundo divulgou a Anfavea na segunda-feira, 7.
Desta forma o México segurou a queda das exportações brasileiras de janeiro a julho, que estacionou em 10,6%, totalizando 257,6 mil veículos. Não fosse este destino de exportação o tombo seria muito maior, afirmou o presidente Márcio de Lima Leite: “O México apresentou crescimento espetacular no mercado doméstico no mês passado e o Brasil ganhou participação”.
O vice-presidente da Anfavea, Gustavo Bonini, complementou que desde 1º de julho o imposto de importação de caminhões e ônibus brasileiros foi zerado no México, movimento que vinha ocorrendo de forma gradativa desde 2020, quando a redução era de 20%, passou a 50% até chegar aos atuais 100%, o que contribuiu significativamente para ampliar o processo de exportação.
Mesmo com a ajuda das encomendas mexicanas, no entanto, em julho as exportações brasileiras tiveram significativa redução: 30,3 mil unidades, 27,6% aquém do mesmo período em 2022, que somou 41,9 mil unidades. Frente a junho, quando 36,6 mil veículos foram exportados, a redução foi de 17,1%.
Lima Leite assinalou que as dificuldades cresceram muito em comparação a 2022, quando as vendas externas foram expandidas. A despeito das dificuldades econômicas da Argentina, que já perduram há algum tempo e que, no mês passado, escreveram um novo capítulo desse drama com o estabelecimento de novo imposto para a importação de veículos, o que incluiu o Brasil, países como Chile – que inclusive já havia passado a Argentina –, e Colômbia, reduziram de forma expressiva as compras brasileiras.
Embora o mercado chileno tenha encolhido 30% este ano, ao passar de 261 mil para 182 mil unidades com relação aos primeiros sete meses de 2022, as aquisições de veículos made in Brazil despencaram 61% no período, de 41 mil para 16 mil unidades: “Isto é um alerta de perda de competitividade flagrante”, assinalou o dirigente da Anfavea, que observou que, ao mesmo tempo, houve aumento da presença de produtos asiáticos.
Com a Colômbia o movimento foi similar, pois o mercado interno sofreu tombo de 60%, de 263 mil para 104 mil unidades, de janeiro a julho frente ao mesmo período no ano passado, e a presença de veículos brasileiros recuou 42%, de 47 mil para 27 mil unidades.
O México, por sua vez, expandiu seu mercado em 24% no acumulado deste ano, saltando de 602 mil para 743 mil veículos, movimento em que o Brasil pegou carona e quase dobrou suas vendas ao passar de 44 mil unidades, de janeiro a julho de 2022, para 82 mil no mesmo período de 2023, incremento de 89%.
Graças ao desempenho do comércio com este país, auxiliado pela redução dos impostos, foi possível também exportar veículos de maior valor agregado, como caminhões e ônibus, ressaltou Bonini. Desta forma os valores obtidos com o comércio exterior aumentaram, apesar da redução do volume embarcado.
De janeiro a julho as exportações renderam US$ 6,7 bilhões, 16,6% acima do mesmo período do ano passado. Somente em julho foram US$ 995 milhões, 10,1% mais do que em igual mês em 2022 e praticamente o mesmo valor de junho, com leve recuo de 0,6%.