Projeção do BCG é que até 58% dos emplacamentos sejam de veículos a bateria
São Paulo – Daqui a doze anos, em 2035, de 47% a 58% dos veículos pesados 0 KM comercializados na União Europeia serão 100% elétricos. E de 29% a 35% dos caminhões, ônibus e vans pesadas emplacadas serão movidos a combustão. Outros 11% a 13% serão movidos a célula de combustível, e de 3% a 4% a gás natural. Foi o que apontou levantamento do BCG, Boston Consulting Group, realizado com base em dados do segundo trimestre de 2023.
Nos Estados Unidos de 38% a 42% dos veículos pesados novos deverão ser elétricos. De 30% a 36% serão movidos a combustão, de 13% a 17% serão movidos a célula de combustível e de 2% a 4% a gás natural. Na China de 43% e 52% serão elétricos, de 31% a 38% movidos a combustão, de 8% a 10% a célula de combustível e de 7% a 9% a gás natural.
O estudo também traz projeções dos mercados do Japão e da Índia, países em que, em movimento contrário, os veículos pesados a combustão ainda deverão representar de 59% a 73% das vendas em 2035. Elétricos no Japão serão de 19% a 23%, movidos a célula de combustível de 8% a 10%, e a gás natural de 3% a 5%. Na Índia os elétricos deverão ocupar fatia de 14% a 17%, movidos a gás natural de 10% a 12% e a célula de combustível de 7% a 8%.
Quanto aos veículos leves dados do BCG mostram que a comercialização de veículos de passageiros 0 KM nos Estados Unidos, no ano passado, foram compostas em 6% de elétricos, 7% de híbridos, 1% de híbridos plug-in e 86% de veículos a combustão interna. Em 2035, no entanto, esta proporção será invertida e carros movidos a combustão serão 22% do total, elétricos responderão por 68%, híbridos por 5% e híbridos plug-in por 4%.
Na China, em 2022, 71% das vendas foram de veículos a combustão, 20% de elétricos, 5% de híbridos plug-in e 4% de híbridos. Em 2035 a perspectiva é a de que 72% sejam elétricos, 8% a combustão, 14% híbridos e 4% híbridos plug-in.
A União Europeia teve, no ano passado, 71% de seus emplacamentos de veículos leves compostos por carros a combustão. Do total 13% eram elétricos, 8% híbridos e 8% híbridos plug-in. Para 2035 a projeção é que 93% das vendas sejam de unidades elétricas, 1% híbridas, 1% híbridas plug-in e 4% a combustão.
Nos demais países reunidos 2022 91% dos automóveis e comerciais leves comercializados eram movidos a combustão, 3% eram elétricos e 6% híbridos. Para 2035 é esperado cenário em que 46% do comércio de 0 KM ainda sejam formados por veículos a combustão. Os elétricos serão 38% do total, os híbridos 11% e os híbridos plug in 4%.
É possível inferir, com base nas informações do BCG, que já em 2030 a penetração dos veículos elétricos deverá girar em torno de 40%, momento em que as montadoras estarão acelerando a saída de veículos a combustão de seus portfólios e as principais plataformas de elétricos estarão concluídas.
Haverá, portanto, propensão de as empresas fabricantes obterem componentes para veículos a combustão de número menor de fornecedores, que terão, ao mesmo tempo, a oportunidade de buscarem o desenvolvimento de componentes para veículos eletrificados.
Mas, e no Brasil, como será?
Embora esses grandes mercados automotivos estejam mais avançados em seu processo de eletrificação, o que acelera a transformação de toda a cadeia, no Brasil a transição será mais gradual, com diferentes tecnologias convivendo nos próximos anos.
O que, por um lado, gera mais complexidade mas, por outro, dará à cadeia de suprimentos mais tempo para se preparar. Dadas as similaridades tecnológicas atender veículos híbridos pode ser um passo intermediário para que uma base de fornecedores desenvolva capacidades para servir, em um segundo momento, veículos 100% elétricos.
Em 2020 91% do mix de vendas anual foi flex, porcentual que deverá recuar para 37% em 2035, considerando universo projetado em 2,5 milhões de veículos.
A fatia de 4% de veículos a gasolina deverá desaparecer em doze anos e a de 4% de leves movidos a diesel tende a cair para 1%. Eletrificados respondiam por 1% do total.
Já em 2035 eles terão representatividade de 62% nos emplacamentos, sendo 21% totalmente elétricos, 26% mild hybrid, 12% híbridos, 2% híbridos plug-in e 1% movido a célula de combustível.
O estudo aponta que a definição do caminho de eletrificação no Brasil é de grande relevância para que a cadeia de fornecedores tome decisões de investimento e também de posicionamento frente ao mercado global.