Mercado e infraestrutura de produção justificam decisão de escolha do País como base exportadora para a América do Sul
São Paulo – Criada com o objetivo de desenvolver tecnologia para o setor automotivo, em 2014, a Hozon decidiu, quatro anos mais tarde, lançar sua marca de veículos, batizada de Neta Auto. Sediada em Xangai, China, a startup escolheu este nome porque representa personagem lendário de um menino pequeno que nunca desiste, apesar das adversidades que podem aparecer em seu caminho.
“Quando me disseram o que Neta representa em português eu pensei: ainda bem que é um nome bonitinho”, disse, bem humorado, em mandarim, Wilson Sun, presidente assistente da Neta Auto e vice-presidente executivo do departamento de overseas, na terça-feira, 28, durante a apresentação da marca no mercado brasileiro e a promessa de produzir localmente.
A escolha do Brasil para tornar-se fabricante de seus carros e também base exportadora para a América do Sul se deu, de acordo com Henrique Sampaio, diretor de marketing e produto, porque o País possui volume de mercado considerável, o maior da região. Além disso a infraestrutura para instalar operação de fábrica é melhor, assim como as vias disponíveis para escoar os produtos.
“A BYD foi a primeira marca chinesa que fez os olhos das fabricantes na China se abrirem. Porque ela chegou com tecnologia que muitos acreditavam que não daria certo no Brasil. E em poucos meses conseguiu participação de mercado respeitável. Com a GWM foi a mesma coisa. E a Chery já havia se instalado, primeiro, abrindo as portas para os veículos chineses. Elas provaram o potencial do mercado.”
Esportivo Neta GT desembarcará no Brasil até o fim do ano. Foto: Soraia Abreu Pedrozo
No ano passado a Neta comercializou na China 127,5 mil veículos, o que a posicionou como a quinta startup, como são consideradas as empresas com menos de dez anos de existência local que mais emplacou elétricos. Em 2022 foram 152 mil unidades, o que a levou à liderança dessas empresas.
No ranking geral dos elétricos, incluídas montadoras – em que a BYD figurou em primeiro lugar, nos dois comparativos, com 301,3 mil e 184,7 mil veículos, respectivamente – a Neta Auto ocupou a décima-quarta posição em 2023 e a nona em 2022. A diferença se deu, segundo Silveira, pelo ingresso de empresas no mercado chinês, onde hoje há 136 marcas de carros.
A companhia possui três fábricas na China que empregam 9 mil funcionários, sendo 3 mil na área de P&D. Como a linha é bastante automatizada poucas pessoas trabalham no chão de fábrica. Desde sua fundação, em 2018, foram vendidos 400 mil veículos, sendo 30 mil em 29 países.
A principal operação da Neta Auto fora da China está na Tailândia, onde há uma fábrica e foram comercializados no ano passado 13 mil veículos, tendo ocupado o segundo lugar nas vendas de elétricos. No primeiro semestre teve início a produção na Indonésia e, além do Brasil, há estudos em andamento também para México e Malásia.
“Nossa meta para este ano é atingir mais de quinhentos pontos de venda em cinquenta países. E o mercado brasileiro é muito importante para nós. O preço de energia no Brasil é favorável à produção de veículos elétricos aqui.”
De acordo com o executivo futuramente será introduzida a reciclagem de baterias.
A empresa já investiu o equivalente a R$ 15 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, incluídas duas plataformas tecnológicas sobre as quais foram criados os sete modelos da marca: Neta V, Neta Aya, Neta U, Neta X, Neta GT, Neta S e Neta L. A autonomia dos veículos a bateria é de 400 quilômetros a 500 quilômetros e no caso dos híbridos eles podem chegar a 1,2 mil.
Disponível nas versões híbrida e elétrica o modelo Neta L, lançado há 35 dias, já vendeu 30 mil unidades, de acordo com Sun. Segundo Sampaio ele chegará ao Brasil na próxima leva de veículos, depois desta inicial programada para o segundo semestre, que priorizará três elétricos, um deles o esportivo Neta GT.