Otimista com anúncios e com a estabilidade econômica foco da empresa é iniciar produção local de câmaras e, conforme produção de eletrificados avançar, nacionalizar outros itens
São Paulo — Otimista com o andamento da indústria automotiva e com os novos ares da economia, em meio à tendência de juros em queda e à maior aceitação das tecnologias Euro 6, a ZF anseia por confirmações que inspirem maior estabilidade, a exemplo do início de programas do governo e pormenores de investimentos de montadoras, para então ampliar seu processo de nacionalização.
Após encerrar o ano passado com leve crescimento de 2% a companhia projeta expandir a receita em 7% em 2024. Projeção classificada como conservadora por Carlos Delich, presidente da ZF América do Sul, porém mais garantida do que as perspectivas anteriores à transição da motorização de pesados, que alcançavam dois dígitos, uma vez que não se imaginava o tamanho do tombo do setor em 2023.
“Este ano estamos incluindo análises de investimento para 2025. Ainda estamos estudando os anúncios das montadoras, alguns muito claros, como o da Toyota, outros nem tanto. O investimento da Stellantis, por exemplo, será até 2030, mas não sabemos exatamente como será feito. Temos de ver com eles.”
Nos últimos três anos, contou Delich, os únicos projetos trabalhados eram aqueles já existentes, cuja conclusão estava sendo postergada: “Houve uma estagnação. Então utilizávamos a tecnologia velha mas com volumes adicionais, o que nos colocava em situação cômoda, tanto a ZF como o setor, ao mesmo tempo em que havia temor acerca do que se passaria com o futuro da tecnologia”.
Frente aos recentes anúncios realizados por clientes não só no País mas também na Alemanha, há uma mudança considerável de rota: “Queremos tirar proveito de todas estas oportunidades que estamos tendo. Estávamos à espera da possibilidade de poder fazer localização de novos produtos”.
Este será o primeiro passo para a nacionalização do sistema ADAS. E, segundo o executivo, a velocidade do início deste processo dependerá da demanda dos clientes. A empresa já está fazendo cotações com fabricantes locais.
ZF aguarda maior venda de eletrificados para localizar componentes
Quanto aos planos de trazer componentes para veículos híbridos e elétricos Delich afirmou que as expectativas são positivas mas, por ora, ainda não há volume suficiente para fabricar no Brasil. No caso de veículos pesados elétricos, principalmente ônibus, assegurou que a empresa está preparada, uma vez que há clientes na Alemanha, e assim que houver quantidade adequada no Brasil será possível começar a nacionalizar.
O presidente da ZF na América do Sul acredita que a maior concorrência trará acomodação dos preços, o que tornará os produtos eletrificados mais acessíveis e, consequentemente, estimulará a fabricação em cadeia. “A Volkswagen Caminhões e Ônibus foi a primeira a lançar caminhão elétrico por aqui, o que foi muito positivo, mas ainda não foram vistas vendas massivas por causa do custo. Agora isso tem que se ajustar para tornar-se mais atrativo.”
Por isso, ponderou, são fundamentais políticas de Estado. Tanto para defender fábricas brasileiras de preços mais agressivos de produtos chineses importados, a fim de promover concorrência mais justa, como para preparar o ambiente a partir do momento em que eles decidirem produzir aqui.
“Está claro que se os chineses tiverem de fabricar no Brasil a diferença de valores não será grande como é hoje. E, quando isto acontecer, eles se darão conta de que também terão de localizar.”
Delich contou que a ZF possui também projetos na China, onde fornece para leves e pesados da BYD.