São Paulo – Os principais destinos de exportação dos veículos brasileiros tiveram seus mercados internos encolhidos no primeiro quadrimestre, com impactos diretos sobre a quantidade de unidades embarcadas. No caso da Argentina, que continua como a maior cliente brasileira, tendo inclusive ampliado sua fatia de 31% para 35% nos primeiros quatro meses de 2024 com relação ao mesmo período do ano passado, a compra de 38,4 mil unidades de automóveis e comerciais leves representam recuo de 18% neste comparativo. Isto reflete a diminuição de 24,4% nas vendas.
Os dados, fornecidos pela Anfavea, foram compilados a partir de informações da Secretaria de Comércio Exterior e das entidades que representam as fabricantes locais, como Andemos, Acara, Anac e Marklines. De acordo com a Anfavea depois dos aumentos abruptos de preços no início do ano no mercado argentino, que não foram aceitos pelos consumidores, foi iniciada espécie de guerra de preços para reativar as vendas, na tentativa de aquecer o setor.
O segundo maior destino das exportações de carros brasileiros é o México, que apresenta situação inversa à Argentina pois, embora seu mercado tenha crescido 12% no primeiro quadrimestre, estimulado pela maior atividade econômica, o que tem favorecido as vendas de veículos, os embarques diminuíram 26%, para 30,8 mil unidades. Ainda assim sua participação, na comparação anual, subiu de 27% para 28%.
Fecha o pódio dos principais clientes o Uruguai, que elevou seu apetite por veículos brasileiros em 17% no quadrimestre, totalizando 11,6 mil automóveis e comerciais leves, o que elevou o market share de 7% para 11%. Os dados da Secex mostram que este foi o único mercado, dentre os principais, que aumentou suas compras no período. De acordo com a Anfavea o cenário é reforçado pela projeção de crescimento de 3,5% do PIB, o que demonstra os efeitos da força do mercado de trabalho e a redução dos gastos no Exterior.
A quarta posição dentre os principais compradores brasileiros é ocupada pela Colômbia, que de janeiro a abril reduziu em 49% suas encomendas, totalizando 9,4 mil unidades. Com isto a sua fatia nas exportações brasileiras recuou de 12% para 9%. O mercado colombiano encolheu 8% no período, refletindo o menor ritmo da economia, a volatilidade do câmbio e o aumento dos juros e dos preços. No mês passado completou um ano consecutivo de resultados ruins, apontou a Anfavea.
Missão brasileira foi à Colômbia pleitear o fim das cotas
No mês passado delegação brasileira composta por vice-presidentes da entidade integrou missão do governo brasileiro na Colômbia para pleitear o fim da cota de veículos, uma vez que alguns países de fora da região, a exemplo da China, tem praticamente livre comércio e são isentos de cotas.
“A Colômbia tem sido foco de trabalho da Anfavea porque queremos ampliar nossas exportações, mas desse jeito fica difícil ser competitivo”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da entidade, ao completar que nos últimos dois anos este mercado sofreu redução significativa.
Segundo Lima Leite a China hoje tem participação de 23% no mercado da América Latina contra menos do que 5% oito anos atrás. O Brasil, nesse mesmo período, tinha 23% e caiu para 17%. Embora atualmente estejam até sobrando cotas, diante da desaceleração do mercado local, a ideia é estar melhor preparado para quando a recuperação ocorrer:
“Este é um mercado no qual acreditamos e que deverá voltar a crescer. Quando isso acontecer, precisamos ter iguais condições de competitividade. Por isto estamos debatendo as questões com muita transparência.”
Até o momento, porém, o governo colombiano ainda não sinalizou resposta.
O Chile também diminuiu sua demanda por carros brasileiros no quadrimestre em 42%, para 5,6 mil unidades, e sua participação recuou de 6% para 5%. Isto reflete os problemas do mercado local, que encolheu 13% no período. Dados da Anfavea mostram que em abril houve reação de 30,6% nas vendas, na comparação anual, após vinte meses de quedas, o que foi motivado pela entrada de novas marcas com ofertas atrativas.
No geral foram embarcados quase 111 mil automóveis e comerciais leves de janeiro a abril, conforme os dados da Secex, o que representou retração de 26% nas exportações brasileiras.