São Paulo – A superação do período de adaptação ao Proconve P8 no ano passado e a melhora do mercado de pesados — ajudada por indicadores de crescimento da economia e de redução dos juros –, tem aquecido as perspectivas do Grupo Iveco para sua unidade de Sete Lagoas, MG. O diretor de compras para a América Latina, George Ferreira, assinalou que a perspectiva para a unidade brasileira é mais do que dobrar a produção de pesados em comparação a 2023:
“No caso do extrapesado S-Way a produção diária deverá atingir vinte unidades por dia”, afirmou, completando que saíram das linhas, no ano passado, mais de 16 mil caminhões e ônibus e 50 mil motores.
Para reforçar a produção na fábrica de Sete Lagoas, onde trabalham 3,5 mil profissionais, serão contratados, de setembro a novembro, mais 145, contou Ferreira: “Potencializaremos a produção de veículos e motores para incrementar o ritmo e, em alguns casos, até aumentando um turno, uma vez que algumas linhas operam em um turno e, algumas, em dois. Mas, neste momento, ainda não trabalhamos com a perspectiva de três turnos”.
Além disto parte do volume fabricado em Córdoba, Argentina, será suplementado por Sete Lagoas, particularmente a produção do Daily: “Estamos atentos ao mercado para que, a qualquer sinal de maior retomada, possamos reforçar a produção brasileira seja por meio de horas extras ou de trabalho aos sábados”.
A demanda proveniente do programa do governo federal Caminho da Escola, por meio do qual a empresa fornecerá 7,1 mil ônibus escolares até o ano que vem, sua principal fornecedora, também contribui para a geração adicional de emprego.
Melhora no mercado argentino altera data de férias coletivas em Córdoba
Parte do otimismo do Grupo Iveco decorre, ainda, da reação do mercado argentino após a mudança de governo no início do ano e o recente anúncio da redução da alíquota do imposto PAIS, Para uma Argentina Solidária e Inclusiva, sobre produtos importados, de 17,5% para 7,5%. O cenário traz a reboque melhores perspectivas tanto para a produção local como para a exportação de peças e componentes brasileiros.
A “ligeira recuperação”, como definiu George Ferreira, aliada à diminuição de dez pontos porcentuais do PAIS, já refletiram mudanças. As férias coletivas da fábrica de Córdoba, que emprega 1 mil funcionários, então previstas para dezembro, foram postergadas para período do fim de janeiro e o início de fevereiro.
“Reforçaremos a produção para poder atender a esta demanda após ajustes macroeconômicos e de contas públicas feitos no primeiro semestre, em que o cliente está voltando a adquirir, nestes últimos quatro meses que faltam para terminar o ano.”
A melhora da competitividade e maior integração da Argentina com os países do Mercosul e também de fora da região auxiliam no intercâmbio de componentes para a unidade de Córdoba e geram maior demanda para o Brasil: “Dados de estudo do ano passado da Receita estadual de Minas Gerais apontam que o Estado é o segundo maior exportador de componentes automotivos para a Argentina, atrás de São Paulo, o que ajuda a sustentar o negócio”.
No ano passado, lembrou Ferreira, oportunidades geradas pela maior demanda da mineração, com uma das maiores reservas de lítio da América do Sul, e de Vaca Muerta, estimulou a compra de caminhões extrapesados da marca e o market share no segmento chegou a 50%: “Este ajuste teve redução natural, mas ainda seguimos crescendo no país”.