São Bernardo do Campo, SP – “Não por muito tempo.” Foi esta a resposta de Alexander Seitz, chairman da Volkswagen América do Sul, a perguntas de jornalistas a respeito do estoque de chips disponível nos fornecedores da companhia para abastecer sua produção local. O executivo evitou eleger um prazo mas deu a entender que seria menos do que as duas semanas que a Anfavea vem dizendo.
Seitz reforça a força-tarefa da indústria automotiva nacional junto ao governo brasileiro e à embaixada da China para tentar retirar o Brasil do embargo aplicado pelo governo à Nexperia, em resposta à intervenção da Holanda na fabricante de chips. Um acordo dos países, disse ele, seria a solução do problema:
“Estamos com problemas como todas as montadoras locais”, afirmou o executivo. “Ainda não afetou a produção, mas afetará. Ontem [quinta-feira, 30] fui pessoalmente à embaixada da China para relatar a situação, como o [vice-presidente Geraldo] Alckmin fez, como a Anfavea fez. Fui como Volkswagen. Como trabalhei por cinco anos em Xangai, conversei também com nossos colegas da SAIC de lá para nos ajudar no contato com o governo local. Estamos fazendo de tudo para evitar paradas”.
Embora esteja presente em diversos sistemas dos carros da Volkswagen a montadora não compra diretamente o chip da Nexperia: “A Holanda faz o wafer [componente onde são aplicados os microprocessadores], ele vai para a Nexperia na China e de lá para os fornecedores, por exemplo a Bosch, que o coloca nos ECU [unidade de controle eletrônico]. E esta ECU vem para a Volkswagen. É uma cadeia complexa que, quando tem uma parada no caminho, gera um problema”.
O chairman da Volkswagen América do Sul reforçou o fato de que não se trata de tecnologia avançada, mas que sua troca seria complicada: “A produção está concentrada na Ásia. Temos que pensar na produção destes componentes no Brasil para evitar novos problemas no futuro”.
O fato de o Brasil integrar os Brics com a China é considerado positivo por Seitz, que ressaltou a intenção dos semicondutores ficarem nas operações sul-americanas e, como considera o presidente da Anfavea, Igor Calvet, descartando eventuais triangulações para operações europeias. Este fator, acredita, pode ajudar na negociação com os chineses.