Limeira, SP – Com investimento de R$ 35 milhões a ZF nacionalizou a produção de câmaras frontais inteligentes para veículos leves em sua fábrica de Limeira, SP, conforme o presidente da empresa na América do Sul, Carlos Delich, antecipou a Agência AutoData. No fim do ano passado o executivo revelara ciclo de investimento de R$ 1 bilhão, de 2025 a 2030, para ampliar a localização no Brasil.
“A ideia de trazer veículos importados ou em CKD não beneficia o País. Por isto, de 2021 para cá, intensificamos a presença regional com novas tecnologias. E, apesar da atual situação global complexa, não podemos parar de investir para não ficar atrás do restante do mundo.”
De acordo com o executivo a ZF é a primeira companhia a nacionalizar este componente na América do Sul. “Não se trata apenas de uma câmara. É uma câmara de 150 gramas com 450 componentes que vê, pensa e manda sinais. Fornecemos atualmente em torno de 100 mil unidades anuais por aqui, mas resolvemos apostar mais forte e instalar capacidade produtiva de 900 mil unidades por ano.”
Como parte do processo a ZF trouxe ao Brasil uma das cinco linhas em operação nos Estados Unidos para realizar a transferência de tecnologia de duas gerações de câmaras. Este mês começou a ser produzida a 3.5, com 1.3 megapixel, detecção de veículos a até 150 metros de distância e de pedestres a 70 metros, e ângulo de visão de 52 graus.
Gradativamente o volume mensal de 1 mil unidades passará a 2 mil e, no início do ano que vem, estará em 15 mil, de acordo com o chefe da divisão de eletrônicos da ZF na América do Sul, Plínio Casante. As importações do modelo já foram suspensas em agosto e, a partir de novembro, serão integralmente fornecidas desde Limeira.
“Itens que vêm do Exterior requerem estoque de segurança de pelo menos noventa dias por causa do tempo no trânsito. Mas será eliminado, gerando melhora da gestão e do fluxo de caixa. Além disto, a partir do último trimestre, o imposto de importação passará de 2% para 20%. Ou seja: para a montadora será mais vantajoso.”
Os executivos assinalaram que a empresa já tem recebido cotação para carros de entrada, mas que a maior parte ainda é embarcada em veículos de médio e alto valor. E que o avanço acelerado das tecnologias de segurança aponta para que 78% dos carros até 2030 tenham câmaras frontais inteligentes.
“No Brasil mais de 80% dos acidentes poderiam ser evitados com o uso de ADAS”, disse Delich. “Com este sistema, e ferramentas como a frenagem autônoma de emergência e o alerta de mudança de faixa, a redução chega a 50% das colisões frontais e a queda de 19,1% nos acidentes relacionados a saída de faixa.”
A partir de julho de 2026 será introduzido em linha outro modelo, a geração 4.8, com 1.7 megapixel, detecção de veículos a até 170 metros e ângulo de visão de 100 graus.

Linha deverá produzir 500 mil câmaras por ano em 2027
Na linha de produção dedicada à produção de itens para segurança veicular, em Limeira, trabalham apenas 38 profissionais, sendo a metade mulheres, em dois turnos de produção. Nesta fábrica flexível dois terços da estrutura são comuns a qualquer produto eletrônico. Não foi necessário, portanto, ampliar o contingente de mão de obra.
Claro, limpo, seguro e silencioso, o espaço mais se assemelha a um ambiente hospitalar. Existe, de quinze a 25 trocas por hora e uma porta só abre quando a outra estiver fechada.
Houve apenas a contratação de alguns engenheiros que foram aos Estados Unidos ser treinados para localizar a operação. A expectativa é que em 2027 já sejam produzidas cerca de 500 mil câmaras por ano, quando a jornada será ampliada para três turnos.
De acordo com o presidente da ZF na América do Sul a perspectiva é que, também neste prazo, a produção das carcaças, hoje ainda importadas, sejam fabricadas em Limeira, o que será viabilizado assim que a procura subir: “A única coisa que ainda não vislumbramos ter localmente são os microchips, que têm seu forte na Ásia”.
O foco será atender ao mercado doméstico e exportar parcela em torno de 10% para países da América do Sul como Argentina e Colômbia, tanto em CKD como em exportações diretas.
“Esta é a fábrica mais automatizada da ZF no País. Em um ano e dois meses fizemos os testes, as validações e trouxemos o maquinário”, ressaltou Casante. “E, quando a demanda crescer, temos espaço para dobrar a capacidade de produção.”
Parte do investimento de R$ 1 bilhão, outros R$ 25 milhões, foram investidos no IEBS, sistema de freio eletrônico inteligente para aplicações em reboques, em produção desde o início do ano em Sumaré, SP.
Os próximos passos, assegurou Delich, serão manter aportes constantes na renovação de maquinário, estudar a nacionalização de nova geração de câmaras e do sistema de direção para caminhões e, quem sabe, freio por cabo elétrico e câmara para veículos pesados, hoje existente somente na Europa: “Tudo dependerá da demanda. Tendo mercado traremos para cá”.